PASSEANDO
PASSEANDO
Aquela era uma cidade bem pobrezinha, mas seus dirigentes não sabiam disso, tão inocentes os coitados, porque se a pobreza era geral, como era possível que os mandatários e suas ilustres e ilustradas senhoras, se divertissem gastando em viagens de turismo, como se o dinheiro do povo fosse capim e capim gordura, nada de colonião.
Se as viagens da dita primeira família fosse para estudar e aprender alguma coisa , já não seria certo, mas pelo menos tinha algum proveito, porque a ignorância ficaria menor e o povo não ouviria tanta besteira; infelizmente não era nada disso, eles e elas viajavam para comer espetinhos de camarão nas praias do litoral e para beber vinho nas fontes do sul.
A preferência pelos camarões dá para entender, porque eles tem na cabeça o mesmo que os citados frutos do mar e o vinho é para lembrar que na cidade deles só não bebe o sino, porque tem a boca virada para baixo; até ai tudo se explica, mas o inexplicável é o tamanho do gasto da tal primeira família,porque é preciso muito camarão e vinho para justificar.
Mas o tempo passou e tudo virou de cabeça para baixo, porque o povo de São João dos Pobres se cansou dos exageros dos sanguessugas e resolveu partir para a vingança: foi um festival de denuncias de todos os tipos: dinheiro desviado, compra de votos, recebimentos de propinas, vandalismo, tinha de tudo um pouco e o final foi a queda dos fidalgos.
Fidalgos de araque, sem educação e sem cultura, sempre prontos para dar bocadas no que era do povo e para envergonhar a comunidade com suas grosserias e total falta de elegância, mas o dia da queda veio a jato e a casa caiu de uma só vez sobre os mandões e seus cúmplices; agora vão ter que pagar pelos camarões e vinhos, com seu próprio dinheiro.
Maria Aparecida Felicori{Vó Fia}
Texto registrado no EDA