COMPRE QUE O POVO PAGA
COMPRE QUE O POVO PAGA
Pequena a cidade era, mas seu povo era menor ainda, porque assistia os absurdos cometidos pelas autoridades e se encolhia, fingia não ver e nem ouvir, por isso e pela certeza da impunidade os desmandos e abusos cresciam cada vez mais; quem cala consente e como o povo de São João dos Perdidos se calava e consentia, era uma festa só.
Não era segredo para ninguém, que o dinheiro publico estava sendo desviado de seu destino certo e usado para embelezar casas, comprar fazendas, carros luxuosos e todas as mordomias possíveis e impossíveis, mas a comunidade continuava calada e submissa a um Ali Babá xucro e semi-analfabeto e a sua curriola de amigos e parentes aproveitadores.
Enquanto isso a cidade perdia o pouco que tinha e se acabava em sujeira e buracos, mas reclamar era impensável, porque aquele filhote espúrio de uma mistura de Hitler e Mussolini, com seu jeito matreiro ia enrolando todos e tudo, porque quem tem cara de coitadinho e é esperto leva sempre a melhor em tudo que faz ou até no que não faz, e a festa continuava.
Agüentar erros e prejuisos acaba por ter um limite e mesmo para o povo de São João dos Perdidos, esse limite chegou quando o desonesto alcaide, resolveu fazer compras grandes demais; cansado de usar o dinheiro publico dentro do território da cidade, ele resolveu alçar vôos bem mais altos e foi fazer compras na capital do estado.
Chegando em BH, ele comprou uma clinica de fisioterapia para uma de suas bem educadas filhinhas; a doce menina ficou muito feliz, mas só até a noticia da compra chegar em São João dos Perdidos, porque o povo cansado de tanta roubalheira se revoltou e mandou colocar um enorme letreiro luminoso em frente a tal clinica.
E o tal letreiro dizia assim: CLINICA DE FISIOTERAPIA SÃO JOÃO DOS PERDIDOS, DE PROPRIEDADE DA COMUNIDADE SANJOANENSE e em letras menores o aviso: Ninguém se atreva a dizer o contrario.
Maria Aparecida Felicori{Vó Fia}
Texto registrado no EDA