Adeus...
O tempo parece simplesmente escorrer por minhas mães calejadas, como arreia branca de praia. Os sulcos na minha pele são como lembranças de todos os momentos que passei desde que nasci e quando os analiso, me sinto como se fosse imortal.
Eu nasci há muitos anos. Cresci e descobri o mundo. Amei tão profundamente quanto qualquer ser humano pode amar e tive aqueles que amava tirados de mim no momento em que o destino, a morte ou Deus decidiram que era hora de me privar deles.
Agora, caminhando na orla marinha, onde vivi a minha vida, junto do oceano, acompanhado das gaivotas, eu não me arrependo de nada do que fiz. A alegria me toma, porque sei que ganhei uma benção de seja qual for a força que comanda esse mundo.
Um sorriso toma meu rosto enrugado e sinto o gosto de sal que a brisa marinha detém pela última vez. Eu estou me retirando para a minha imortalidade e deixo para trás apenas lembranças esfumaçadas de momentos que já se foram.
Então, esse é meu adeus aos que ficam.