A PAIXÃO . . .
Gotas de suor escorrem-lhe pelo rosto. Está afogueado, suado, cansado! Subiu a correr a Colina do Sol com o intuito de chegar lá antes que ele nasça e conseguiu!
No horizonte o céu clareia em azul claro, rosa e logo depois laranja!
Foi o primeiro a chegar, da classe de Ciências Biomédicas. Estão a meio do segundo semestre do 1º Ano da Faculdade.
Está alojado numa Residencial de estudantes. O irmão do meio esteve hospedado numa República típica e sofreu na pele todos os rituais infligidos pelos mais velhos. Para ele não houve vaga.
Sente-se bem na Residencial.
Partilha o quarto com outro estudante, o Manel Lopes, com quem está a criar laços de grande amizade. É um rapaz pacato da província e bastante ingénuo. Ele, Paulo Silveira, é um verdadeiro citadino. Conhece todos os cantos à cidade e tenta a todo o custo que o amigo o acompanhe mas ele, a maior parte das vezes prefere ficar no quarto rodeado pelos seus escritores preferidos já que a sua área é a das Letras. Quer especializar-se em Línguas Antigas. Namora com a Sandra, uma jovem da sua turma, tímida e boa aluna como ele.
No alto da Colina do Sol maravilha-se com o espectáculo. Não é dado a apreciar a Natureza mas a Soraia tinha-o elogiado e ele, sabendo que um grupo da Universidade estava a organizar a subida, juntou-se a ele. Qualquer um pode fazê-lo sozinho mas em grupo é muito mais giro! Até porque estiveram na Discoteca a divertirem-se toda a noite e vieram directamente de lá. Todos beberam um pouco de mais da conta mas vieram a pé e regressarão do mesmo modo. É Sábado e têm esse dia e o Domingo para se recomporem.
Está a tentar impressionar a Soraia, uma bonita morena de feições exóticas e corpo para o redondinho, como ele aprecia. Neste momento anda com a Beatriz que não podia ser mais diferente da Soraia: loira e esguia. Nem ele sabe bem porque andam... Tornou-se hábito saírem juntos depois das aulas práticas de Biologia. Ela está alojada num apartamento que partilha com mais 5 amigas, para os lados da sua Residencial. É alegre mas de um modo contido.
Tudo começou na noite em que houve fogo de artifício sobre a ponte. Estava frio e ela ia desagasalhada e encostou-se a ele procurando o seu calor. Isso foi o que ela disse depois... Ele abraçou-a pela cintura e acabaram por se beijar. Mais tarde e nessa noite, na cama dela, achou-a deliciosamente serena...
A Soraia é um furacão, uma força da Natureza! Desperta nele sensações básicas...
É independente, de uma alegria esfuziante. Toca viola e canta fado vadio em bares. Frequenta Gestão sem convicção. Já teve vários relacionamentos mas agora diz-se 'solteira'.
Paulo, apesar de ser um rapaz que se considera vivido, sente-se intimidado sempre que, por acaso, ficam no mesmo grupo. Para grande desgosto de Beatriz, vai aos bares onde sabe que ela possa estar a cantar. Ele que nem aprecia por aí além o fado... Para ele é mais bateria e violas eléctricas. A Beatriz gosta de música romântica como não podia deixar de ser...
Sabe que esta noite a Soraia vai cantar ao Bar Parreira do Alentejano.
Depois da subida à Colina e ter presenciado o nascer do Sol, vai para a Residencial para tentar dormir. Tentar porque já há quase uma semana que a Soraia não lhe sai da cabeça, perturbando-o... Imagina-se nos seus braços e suores frios inundam-no... Quer tê-la a qualquer preço! As fantasias mais loucas que conhece passam-lhe pela cabeça e as que não conhece, inventa-as ele!
Neste estado de paixão descura o relacionamento com Beatriz que se sente infeliz...
A meio da tarde, já mais descansado, convence o Manel e a Sandra a irem com ele ao bar. O mais difícil vai ser convencer Beatriz a acompanhá-los! Quer ir escudado pelos amigos e a namorada para que Soraia não desconfie de nada... Todo ele é contradições: quer impressionar mas intimida-se. Quer que ela repare nele mas leva os amigos e a namorada que entretanto aceita ir...
Antes da meia-noite chegam ao bar. A Soraia está linda como sempre, com um xaile negro com franjas sobre os ombros, lábios vermelhos e os longos cabelos escuros soltos pelas costas.
Já começou a cantar. Acompanham-na à viola João Trindade e à guitarra Victor Brandão.
São guiados para uma mesa perto de onde ela canta. Ele não tira os olhos dela, bebendo cada palavra. Não entende, apenas ouve a sua voz... Tão enlevado está que nem percebe que Beatriz e João Trindade estão fascinados um com o outro!
São três os fados que ela canta.
O grupo convida-os a sentarem-se à mesa o que eles aceitam. Há petiscos e vinho. Contam-se anedotas, historietas! Há gargalhadas. Beatriz está anormalmente alegre mas Paulo nem se dá conta do seu riso e do rubor no rosto!
A Soraia está sentada ao lado do Victor e a dado momento beijam-se apaixonadamente!
Para Paulo a noite acabou ali... Um desgosto profundo aperta-lhe o peito... Já não ouve nada do que se passa. Sai do bar e vem fumar para a rua. E porque tinha bebido um pouco mais, o cigarro fê-lo agoniar-se e ele afastou-se um pouco da zona da entrada e, com a cabeça apoiada num braço encostado à parede acaba por vomitar o jantar e o que petiscara no bar.
Quando se recupera o suficiente regressa à sala. Sentados à mesa apenas estão o Manel e a Sandra com caras de caso e ele então percebe...
Beijinhos,
Gotas de suor escorrem-lhe pelo rosto. Está afogueado, suado, cansado! Subiu a correr a Colina do Sol com o intuito de chegar lá antes que ele nasça e conseguiu!
No horizonte o céu clareia em azul claro, rosa e logo depois laranja!
Foi o primeiro a chegar, da classe de Ciências Biomédicas. Estão a meio do segundo semestre do 1º Ano da Faculdade.
Está alojado numa Residencial de estudantes. O irmão do meio esteve hospedado numa República típica e sofreu na pele todos os rituais infligidos pelos mais velhos. Para ele não houve vaga.
Sente-se bem na Residencial.
Partilha o quarto com outro estudante, o Manel Lopes, com quem está a criar laços de grande amizade. É um rapaz pacato da província e bastante ingénuo. Ele, Paulo Silveira, é um verdadeiro citadino. Conhece todos os cantos à cidade e tenta a todo o custo que o amigo o acompanhe mas ele, a maior parte das vezes prefere ficar no quarto rodeado pelos seus escritores preferidos já que a sua área é a das Letras. Quer especializar-se em Línguas Antigas. Namora com a Sandra, uma jovem da sua turma, tímida e boa aluna como ele.
No alto da Colina do Sol maravilha-se com o espectáculo. Não é dado a apreciar a Natureza mas a Soraia tinha-o elogiado e ele, sabendo que um grupo da Universidade estava a organizar a subida, juntou-se a ele. Qualquer um pode fazê-lo sozinho mas em grupo é muito mais giro! Até porque estiveram na Discoteca a divertirem-se toda a noite e vieram directamente de lá. Todos beberam um pouco de mais da conta mas vieram a pé e regressarão do mesmo modo. É Sábado e têm esse dia e o Domingo para se recomporem.
Está a tentar impressionar a Soraia, uma bonita morena de feições exóticas e corpo para o redondinho, como ele aprecia. Neste momento anda com a Beatriz que não podia ser mais diferente da Soraia: loira e esguia. Nem ele sabe bem porque andam... Tornou-se hábito saírem juntos depois das aulas práticas de Biologia. Ela está alojada num apartamento que partilha com mais 5 amigas, para os lados da sua Residencial. É alegre mas de um modo contido.
Tudo começou na noite em que houve fogo de artifício sobre a ponte. Estava frio e ela ia desagasalhada e encostou-se a ele procurando o seu calor. Isso foi o que ela disse depois... Ele abraçou-a pela cintura e acabaram por se beijar. Mais tarde e nessa noite, na cama dela, achou-a deliciosamente serena...
A Soraia é um furacão, uma força da Natureza! Desperta nele sensações básicas...
É independente, de uma alegria esfuziante. Toca viola e canta fado vadio em bares. Frequenta Gestão sem convicção. Já teve vários relacionamentos mas agora diz-se 'solteira'.
Paulo, apesar de ser um rapaz que se considera vivido, sente-se intimidado sempre que, por acaso, ficam no mesmo grupo. Para grande desgosto de Beatriz, vai aos bares onde sabe que ela possa estar a cantar. Ele que nem aprecia por aí além o fado... Para ele é mais bateria e violas eléctricas. A Beatriz gosta de música romântica como não podia deixar de ser...
Sabe que esta noite a Soraia vai cantar ao Bar Parreira do Alentejano.
Depois da subida à Colina e ter presenciado o nascer do Sol, vai para a Residencial para tentar dormir. Tentar porque já há quase uma semana que a Soraia não lhe sai da cabeça, perturbando-o... Imagina-se nos seus braços e suores frios inundam-no... Quer tê-la a qualquer preço! As fantasias mais loucas que conhece passam-lhe pela cabeça e as que não conhece, inventa-as ele!
Neste estado de paixão descura o relacionamento com Beatriz que se sente infeliz...
A meio da tarde, já mais descansado, convence o Manel e a Sandra a irem com ele ao bar. O mais difícil vai ser convencer Beatriz a acompanhá-los! Quer ir escudado pelos amigos e a namorada para que Soraia não desconfie de nada... Todo ele é contradições: quer impressionar mas intimida-se. Quer que ela repare nele mas leva os amigos e a namorada que entretanto aceita ir...
Antes da meia-noite chegam ao bar. A Soraia está linda como sempre, com um xaile negro com franjas sobre os ombros, lábios vermelhos e os longos cabelos escuros soltos pelas costas.
Já começou a cantar. Acompanham-na à viola João Trindade e à guitarra Victor Brandão.
São guiados para uma mesa perto de onde ela canta. Ele não tira os olhos dela, bebendo cada palavra. Não entende, apenas ouve a sua voz... Tão enlevado está que nem percebe que Beatriz e João Trindade estão fascinados um com o outro!
São três os fados que ela canta.
O grupo convida-os a sentarem-se à mesa o que eles aceitam. Há petiscos e vinho. Contam-se anedotas, historietas! Há gargalhadas. Beatriz está anormalmente alegre mas Paulo nem se dá conta do seu riso e do rubor no rosto!
A Soraia está sentada ao lado do Victor e a dado momento beijam-se apaixonadamente!
Para Paulo a noite acabou ali... Um desgosto profundo aperta-lhe o peito... Já não ouve nada do que se passa. Sai do bar e vem fumar para a rua. E porque tinha bebido um pouco mais, o cigarro fê-lo agoniar-se e ele afastou-se um pouco da zona da entrada e, com a cabeça apoiada num braço encostado à parede acaba por vomitar o jantar e o que petiscara no bar.
Quando se recupera o suficiente regressa à sala. Sentados à mesa apenas estão o Manel e a Sandra com caras de caso e ele então percebe...
Beijinhos,