Perigos da Imitação
Na casa da raposa havia festa , o terreiro estava todo limpo e brilhava a areia da beira do rio como salpicada de ouro vivo. É que ia se casar a filha da raposa com o camaleão, que se requebrava de contente , por esse faustoso acontecimento, sobre um galho de frondoso taperebá.
Tinham acendido debaixo da árvore uma fogueira , para assarem as caças do banquete, e o camaleão recebia com prazer o calor das chamas, quando viu deslizar nas águas do rio um bonito peixe prateado. _ "Que belo prato de bodas fará esse delicioso peixe",
disse ele com os seus botões . E agilmente atirou-se do taperebá por cima da fogueira, cujas labaredas lamberam o seu corpo, caindo em
cheio no rio, onde pescou o peixe.
A raposa que o olhava com admiração , sentiu o mais violento desejo de imitar a proeza do futuro genro. _ "Não faça isso mamãe gritou a noiva, que você tem pelo e o fogo lhe pega"... Mas a raposa , invejosa, não atendeu ao pedido da filha. Subiu no taperebá e se jogou por cima da fogueira, cujas chamas lhe prenderam ao pelo do corpo, queimando-o. Esteve por um triz para morrer e , quando escapou da morte não consentiu, mais, no casamento da filha com o camaleão, dizendo que por causa dele é que ela quase perdera a vida.
Logo,logo a filha se noivou com o Martim Pescador , que vivia
de pescar com o seu bico, mergulhando na água. E ainda quis a raposa experimentar se podia imitar o se futuro genro, com o auxílio de seu alongado focinho. Dito e feito. Jogou-se na água . Mas o peixe que ela perseguia ferrou-lhe os dentes no focinho e quase que a raposa foi para o fundo do rio com o peixe e tudo, sendo salva com a maior dificuldade. Imediatamente , ao voltar a si , desfez o casamento culpando o Martim Pescador pela sua quase morte.
Em seguida fez a filha ficar noiva de um marimbondo, a que vira roubar peixe seco de um varal de pescadores com o auxílio de suas asas. Preparou-se tudo para as bodas , mas a raposa dessa vez ainda imaginou imitar o genro. Atirou-se sobre ele , pretendendo pairar no ar, enquanto o roubava, mas foi cair nas goelas dos cães de vigia do varal, que lhe deceparam a cauda com os dentes.
A raposa voltou cabisbaixa, indecisa e ainda por cima cotó. Mas não se deu por vencida e, rompendo o casamento da filha com o marimbondo, procurou o carrapato para genro. Quando este se apresentou , ria à socapa e foi logo apostando com a futura sogra que ele era capaz de quebrar cocos sobre a sua cabeça, sem se molestar. A raposa ,invejosa já ficou , logo, atenta na proeza do valente carrapato , que na verdade mandou que lhe batessem com cocos sobre a cabeça. O fato era que sendo a sua cabeça mole , os cocos não podiam lhe fazer mal algum.
Chegou o dia do casamento. Muitos convidados e, estando tudo pronto , a raposa se lembrou de dizer:
_ " Minha gente , vocês pensam que eu também não sou capaz de mandar bater na minha cabeça com um coco , sem a quebrar como o carrapato "?
_ " Ah ! minha mãe , não faça isso. disse a raposinha . Não vê que a cabeça do meu noivo carrapato é mole e a sua é cheia de ossos e pode quebrar? Não faça isso"! .
Porém nada adiantou . A raposa orgulhosa pediu para o veado lhe dar uma pancada forte com o coco sobre a cabeça e ,todos veriam como ela nada havia de sofrer.
O carrapato ria-se.
O veado enfim obedeceu, e a pancada forte com o coco quebrou a cabeça dura da raposa que morreu castigada ,assim ,por querer imitar as façanhas dos outros.
A raposinha casou com o carrapato ( coitada .rs) e foram para sempre muito felizes pois nunca lhe passou pela cabeça imitar os atos cometidos pelos outros como tinha feito a sua velha e invejosa defunta mamãe.
Kalena: aprendi essa história-fábula , quando estava na terceira série do ensino fundamental. Não suporto invejosos.
Domingo , aguardando a primavera.Set.2010.
Quinto dia da lua em sua fase Nova. Lua no sígno de
Escorpião.