A sombra

Demasiadamente exausto e com sede, vinha eu andando por uma estrada repleta de poeira, sem qualquer chance de chegar, pelo menos, em uma bica com água.

De longe pude observar uma sombra à frente e bem longe. `Firmei a vista na tentativa de decifrar "aquela figura".

A sombra seria de alguns galhos de árvores entrelaçados ou seria um poço, já que com sede, estaria vendo uma miragem.

Continuando a andar naquela direção e devagar, pude averiguar, ainda longe, que não se tratava de sombra de galhos e nem era um poço, mas à medida que acelerava os meus passos, a sombra modificava.

Certa hora pensei que a sombra fosse um amontoado de caixas abertas, mas ela não fechava e nem abria e nem movimentava.

Continuei a andar e por um momento senti uma rajada de vento em minha face e poeiras vinham de encontro aos meus olhos dificultando ainda mais a minha visão, mas a sombra ali permanecia e chegava mais perto.

Um menino de pés descalços e soltando pipa passou correndo perto de mim e a sombra do brinquedo, pela posição do sol, fazia outra sombra que ia em direção àquela antiga, que eu estava curioso em decifrar e indo e vindo dependendo do movimento da pipa, traçava novas configurações, que, mesmo assim, era difícil até mesmo imaginar o que seria.

Enfim, chegando mais perto pude ver aquela figura que tanto impressionara os meus olhos e que ao aproximar notei que não se tratava de galhos e nem de um poço.

Era apenas a sombra de um mexicano com o sombreiro sobre a sua face cobrindo do sol após o seu almoço e na sesta estava deitado perto de um chafariz, que jorrava água.

Após a "descoberta da figura" pude beber um pouco da cristalina água e acabar com a minha sede.

Continuei andando para chegar ao meu destino.

LFA

Lúcio Flávio de Albuquerque
Enviado por Lúcio Flávio de Albuquerque em 09/09/2010
Reeditado em 11/09/2010
Código do texto: T2488119