Contos do eremita: A Grã-sacerdotisa

Isso aconteceu há muito, muito tempo atrás. Em um outro mundo, em um reino chamado Montris. Um mundo onde pessoas tinham auras coloridas, o tempo era púrpura e todo tipo de criatura mística andava junta. Lá mesmo o mais mísero dos humanos acreditava em magia, mesmo que não a possuísse. Não havia uma espécie de religião por lá, mas pessoas tinham suas crenças, e suas sacerdotisas. As sacerdotisas eram treinadas em um lugar secreto e escondido, após isso eram mandadas para servir nos templos da cidade ou nos grandes templos guardiões. Quatro eram estes, vigiavam as fronteiras do lugar. Tudo começa com um fato estranho, mas se você não acredita em magia, tudo lhe parecerá estranho nessa história. Deixaram uma criança na porta da casa de sacerdotisas. Mesmo para este reino mágico isto não era comum, geralmente as próprias sacerdotisas adotavam garotas quando não tinham filhas. Mas não era uma criança comum, era uma elfa. E além de tudo, não era como os elfos que costumavam andar junto dos homens, era uma criança dos elfos noturnos, os que se escondem desde o início dos tempos nas grandes florestas. Estranho também era o bilhete que a pequenina segurava nas mãos de um curioso cinza-azulado: "Esta é Lilith, o inevitável a levou até aí. Tratem-na como a grandeza de seu nome, pois estão diante de uma futura grã-sacerdotisa." E a garota pareceu crescer diante das grandes e antigas sacerdotisas, seus cabelos quase prateados pareciam refletir a luz da lua. A carta e a garota tinham realmente algo de grande as envolvendo, uma magia poderosa que as sacerdotisas não podiam ignorar. A pequena elfa foi treinada como sacerdotisa, e tornou-se tão grande quanto as antigas lendas da magia. Porém não foi para os templos da cidade ou os guardiões. Sua sina era um fardo muito grande, uma aura que a precedia. Lilith era um nome de mal agouro, e apesar de tudo os habitantes do reino não pareciam confiar muito em uma elfa noturna. Como nas velhas lendas, o personagem que teve uma vida e desprezada salva quem não merece: aquele que o despreza. Neste caso, muita gente. "De quê?" é o que você está se perguntando, correto? Bem, um dragão é algo suficientemente grande para você? Espero que a resposta seja sim, dizem que é preferível enfrentar a um do que enfrentar a fúria da sacerdotisa. Não era um dragão tão poderoso quanto os que enfrentaram os deuses nas antigas lendas, mas qualquer dragão tem força suficiente para devastar uma cidade se não for parado. E este, já tendo acabado com a primeira metade, preparava-se para a segunda. Caçadores de dragões e soldados não estavam por perto, a cidade estava desprotegida, ou melhor, protegida por sacerdotisas. Infelizmente o ponto fraco das sacerdotisas é serem muito boas em curas e barreiras espirituais e as últimas pessoas que se deve chamar às armas. Lilith não fazia parte da maioria das sacerdotisas, podia invocar um arco agora tido por lendário, pois foi o arco que matou um dragão de uma flechada. Uma flechada da sacerdotisa Lilith, e quando chegaram soldados e matadores de dragões acharam apenas um banquete para a cidade de carne de dragão (claro que as sacerdotisas trataram e purificaram a carne antes do assado). Após derrubar um dragão e fazer outros feitos notáveis, a sacerdotisa Lilith virou Grã-sacerdotisa, guardiã do grande templo do sul, e a maior entre as quatro maiores sacerdotisas que guardam as fronteiras. Nunca mais se ouviu pronunciar naquele reino que o nome Lilith era de mau agouro, nunca mais desconfiaram de nenhum habitante daquele lugar. E talvez nunca mais apareça uma história de sacerdotisa como essa. Você provavelmente se pergunta como sei de tudo isso nesse momento, não? Como dizem no reino de Montris, "informação confidencial". E esta não se conta nem diante desta fogueira.