Mini conto - 64 -

Chevrolet Hall

Ela olhou para cima:degraus e mais degraus.Resolveu enfrentá-los e foi subindo devagar,parando para descansar.Uma multidão ia junto e finalmente chegaram ao enorme salão,onde o show se realizaria dali a minutos.

Cercada pelos irmãos,cunhados e amigos,Ela se permitiu sentar,relaxar e apreciar as arquibancadas distantes e quase cheias.As pessoas parecem mais livres lá,Ela pensou.Gritam e se agitam! Antes das luzes se apagarem, o carro "dependurado",quase perto do teto,atraiu sua atenção: uma engenhosa propaganda!

De repente,sons de instrumentos.Luzes multicores dançando e os donos da noite entraram,sob aplausos e assobios: Sérgio Reis e Renato Teixeira.Ela sempre os apreciara.Considerava poéticas as letras de algumas músicas.Ficou emocionada ao vê-los tocando e cantando ,lado a lado com os filhos.Assobiou!Gritou! E no final cantou: "encosta sua cabecinha no meu ombro e chora,e conta todas suas mágoas para mim...quem chora no meu ombro eu juro que não vai embora,que não vai embora,porque gosta de mim"....junto com as milhares de pessoas da terceira idade( segundo o chofer de táxi,o show seria calmo devido à idade do público!).Ah! Não existem terceira,quarta ou quinta idade quando se trata de música de qualidade.Ela se sentiu atemporal.E foi assim,leve e sorridente que desceu,lépida,aquelas centenas de degraus,rumo à noite fria de Belo Horizonte.

Maria Neusa em agosto de 2010

maria neusa
Enviado por maria neusa em 31/08/2010
Reeditado em 31/08/2010
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