Um rio chamado vida

Um rio chamado vida

by-Caio Lucas

Ontem estava indo para o trabalho quando atravessei uma ponte e vi uma coisa estranha: um rio diferente, no qual a água corria ao contrário, subia as pedras, alguns peixes voltavam às margens... acabei seguindo o curso, quero dizer, voltei e comecei a seguir morro acima, daí comecei a pensar no porquê daquilo.

Então, lembrei-me de coisas que me aconteceram, parece que os dias voltavam, um a um, a cada passo eu parava e via aquele dia acontecendo outra vez, os sentimentos, seu sol, seus brilhos, minhas roupas, até o cheiro, o tempo tem cheiro; às vezes, estamos triste, ele fica com cheiro forte, quando estamos alegres o perfume é leve, parece que

nos faz sorrir.

Depois de alguns passos - voltando à minha história -, revi muito do que fiz, do que não deveria fazer e até do que deveria ter feito melhor.

E o rio corria ao contrário, cada passo outro dia, cada dia uma nova lembrança.

Senti alguns beijos que dei, outros abraços, e algumas outras coisas que não vou lhe dizer.

Quando as águas faziam ondas, era como se me lembrasse de algumas tempestades da minha vida, alguns tropeções, um ou outro desajuste; mais alguns passos e comecei a subir uma montanha.

Era íngreme e o rio seguia forte, meus pensamentos lá no meu passado, quando, de repente, veio um tronco rolando bem forte sobre as pequenas ondas, não sabia o que representava, até que veio uma imagem, vi uma mulher, estava vestida de todas as cores, exalava todos os cheiros, vestia seus melhores costumes, acho que era minha paixão, tremi e voltei algum tempo...

Lembrei-me de amores perdidos, beijos que não tinham gosto de amor, amores com gosto de vida.

Logo o rio se acalmou, veio uma espécie de paz, era amor, aquele que nos leva morro acima, como a água do rio, aquele amor que nos faz flutuar além das nuvens e sem molhar os pés andar sobre águas, assim que me lembrei de um amor, não de uma pessoa simples, senti que tudo me fazia ir mais acima, ir mais além dos meus sentimentos...

E o rio subia, já não sentia meus pés, nem minhas mãos, estava seguro pelo coração, como o rio, subia as alturas, via e sentia um amor que entrava e dava voltas no peito, era alguma coisa que deixei lá atrás, não percebi o que havia deixado passar, e voltei.

Trouxe comigo um pedaço do rio, embrulhei-o em uma folha de árvore chamada esperança, molhei a semente com água que o rio jogou morro acima, e voltei.

Vi que meu caminho poderia ser diferente, mais aberto, mais limpo, lavado como se fosse alma, por um rio, um pequeno grande curso de água, meu rio chamado vida.

15/06/2005

Caio Lucas
Enviado por Caio Lucas em 15/06/2005
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