BOM DIA, AMANHÃ!
“Ela” foi uma das últimas a sair da festa! Há muito esquecera o quanto gostava de risos, conversas, amigos... Nos últimos anos estivera tão presa à um amor, guardara todos suas vontades somente pra dedicá-las à esse amor, um amor que “Ela” julgava valer a pena, um amor que “Ela” apostou tudo de melhor e que guardara para quando ele lhe tomasse o corpo, pois su’ alma já encantara. Agora estava ali, sozinha, decepcionada, sentindo-se como se tivesse passado pela vida toda andando sem nunca chegar ao destino...CANSADA! “O amor que ela julgara valer a pena..., mas, ele mesmo não se dá seu devido valor e com certeza não daria ao amor que ela guardava para entregar somente para ele, quando esse lhe chamasse para juntos serem felizes, eternamente!”
Despediu de todos e já na calçada, contemplou a noite adormecendo..., mesma madrugada tantas vezes cúmplice desse idílio, agora testemunhava somente o abandono, a desordem, mágoas e desencantos d’um amor que cegava de luz qualquer sombra... cortou o silêncio e quase gritou: “COVARDE! Acostumaste à voos rasos e teve medo de bater asas e ultrapassar a muralha da verdadeira felicidade ..., INOCENTE!”
Resolveu ir andando, aproveitando o silêncio da noite ,uma vez que não morava muito longe dali, duas quadras apenas e o lugar nunca estava totalmente deserto. Foi caminhando e lembrando d’uma conversa que travara durante bom tempo da festa, com alguém que conhecera à pouco tempo. Ele lhe contara de como ficara viúvo, do tempo que levou para equilibrar sua vida e dos filhos adolescentes ainda na época, das mulheres que passaram por sua vida desde então e do coração que não conseguiu palpitar por nenhuma delas, embora algumas valessem a pena. Falou do quanto havia gostado “dela” desde quando lhe conhecera e do convite que “Ela” esperou do amor e foi esse quem que lhe fizera! Ele pediu uma chance para ambos, talvez a última chance verdadeira para eles. Lembrou da voz dele e do brilho dos olhos ao falar que seu coração havia batido de forma diferente de todas as outras vezes e que ele sabia o porquê! “Ela” sorriu ao lembrar da carinha de menino suplicante que ele fez quando lhe disse o quanto lhe admirava e lhe tinha de imenso carinho, mas não estava inteira para dedicar-lhe a atenção e afeição que merecia!
Ouviu-se um barulho, “Ela” olhou para trás parecia haver escutado passos, mas eram de um casal que vinha à uns metros dali e sendo assim, voltou sua caminhada, perdida nas recentes lembranças e sorriu mais uma vez ao lembrar das palavras que ele lhe disse, “ Eu também não sou inteiro, pois acho que Você seja o pedaço que me falta, (... o sorriso desaparece ao ouvir...)mas, saberei respeitar o seu momento que eu creio, sendo Você u’a mulher íntegra, não há de se perder nesse vazio obscuro... “Ela” sentiu lágrimas em seus olhos ao lembrar dessas palavras vindas de um homem que não lhe falaria assim, se não por seu bem e “Ela” sabia que ele tinha razão, talvez tenha sido por isso que começava a soluçar sozinha numa rua agora deserta totalmente... Ele havia pedido para lhe acompanhar até a casa, mas “Ela” lhe deu uma desculpa convincente de maneira que ele acatasse...
Já avistava a sua casa e só então começou a prestar atenção na quietude que lhe cercava. Algumas casas tinham luzes acesas, quem sabe amantes se amavam, quem sabe alguém perdera sono, alguém sentia dor, doente, com saudades, alguém esperando, alguém que tinha medo da escuridão, de tão feliz não conseguia dormir... Que Deus esteja com essa gente!”
Abriu a bolsa para pegar as chaves de casa e com um pensamento fixo do quanto ela merecia o melhor da vida, o quanto ela era especial e no quanto que, de agora em diante ia se fazer inteira para a vida, porque a vida é completa e boa demais para se viver em pedaços...
“Ela” entra em casa e já na sala, posta-se diante do enorme espelho que toma uma das paredes e pensa: “ VOCÊ É LINDA, INTELIGENTE... E QUEM DISSE EM PEDAÇOS? OLHA SÓ A MULHER QUE ÉS? INTEIRAÇA!
Começou a despir e num momento de sensualidade extrema, foi deixando deslizar pelo corpo cada peça e deixá-las caírem pelo caminho e entrou no banho e ali ainda ficou um bom tempo E SE PEDIU DESCULPAS por ter amado demais, mas não a SÍ!