Escritora
Ela nunca se sentia sozinha, apenas por ter o papel branco à frente, com possibilidades de uma história qualquer a criar.
Inventasse o que quisesse e já lá estavam os seres, os dias, as noites a lhe fazer companhia.
Tinha estado o dia todo na cama, modorrenta e amassada, mas tranqüila e feliz. A noite já ameaçava. Era sábado nos nervos de todos. Toda aquela necessidade das ruas, dos saltos altos e dos perfumes caros. Ela ali, tão sozinha e com aquela alegria incompreensível a tomar-lhe por dentro.
Nada estava acontecendo: nenhum amor, nenhum filho, nenhuma novidade. Mas para tudo bastava o seu querer criando castelos, viagens ou apenas uma dama solitária a chorar num quarto escuro.
Histórias.