Fronteira sem lei(EC)
 
Há tempos Severina e Arlindo vinham economizando para participar da excursão e compras no Paraguai.

Chegara o momento, muitas expectativas para a viagem ao país vizinho, embarcaram no buzão, o pessoal estava animado, batucada e rodadas de aguardente davam a tônica e incentivavam a ilusória euforia do passeio.

Estava muito quente, o percurso era longo e havia só um pequeno espaço para o banheiro coletivo no ônibus. No meio do caminho, os maus cheiros já tomavam as dependências do coletivo, 
insuportáveis odores de excrementos, urina, sovaco. e bafo de pinga.  Mas a aventura continuou até a chegada na Cidade de Leste.

O motorista avisou: vocês tem o dia inteiro para passeios e compras retornaremos às 19 horas, a saída será frente a Loja Monalisa. Os “turistas”eufóricos se dispersaram pelas ruelas amareladas e imundas da cidade. Camelôs e ambulantes por toda a parte, lojas fervilhando de sacoleiros ávidos.

Severina e Arlindo não conheciam a capital da pirataria, estavam boquiabertos com as inúmeras lojinhas e barracas com milhares de artigos expostos.

Ela de cara foi atraída pelos perfumes em cima do balcâo de uma delas:
- Clive Crhistian, Amouage,Woman, Chanel nr. 5 e outros finíssimos, não resistiu, os preços eram supimpas, levou 3 produtos por apenas U$ 20, no Brasil saíriam no mínimo por R$ 1.200,00, para o maridão escolheu 1 frasco de Azzaro, só U$ 10
Peregrinaram por diversas lojas e barracas:DVD's e Cd's de seus idolos a preços tentadores, roupas da Canadian Goss, Christian Dior,Helly Hansen e tênis Nike Shox, Adidas, Mach Runer - ah! as crianças irão adorar...

Adquiraram mais uma série de bagulhos. Até uns pacotinhos de Viagra o Arlindo adquiriu.
Ele se exibia feliz com Rolex de U$ 25 em seu pulso. Uma  caixa de whisky escocês Ballantine's também fazia parte das compras.
Celulares baratíssimos compunham os ítens dos sacoleiros de primeira viagem
Estavam felizes com as aquisições, não tinham gasto mais do que os U$ 300 permitidos.

Retornaram felizes para casa e na manhã seguinte reuniram a família para a distribuição dos "requintados" presentes.

Hoje, passados mais de 3 semanas da viagem, constataram que foram duramente ludibriados: os perfumes perderam seu aroma, os DV's e CD's emperraram e estragaram os aparelhos eletrônicos, as roupas após lavadas pela primeira vez, encolheram, desbotaram, soltaram fios aqui e alí, os tênis eram desconfortáveis e causaram calos e dores nos pés das crianças, os celulares? sequer funcionaram, o relógio "Rolex" parou...já no terceiro dia...
e o whisky era horrível - uma mistura de pinga barata com iodo,

Prejuízo danado comentava Arlindo com seu compadre Zanúbio...
Compras por lá, nunca mais!!! Nossos U$....voaram qui nem passarinhu...

Compras no Paraguay são CONTRAINDICADAS para consumidores normais.


Obs. 
Estima-se que mais de 200.000 produtos vendidos no Paraguai são falsificados, aquele país não possue indústrias, apenas pequenas oficinas que montam os produtos vindos em cointaineres da China, Singapura, Japão Tai Wan, e outros países da Ásia.

Este texto faz parte do Exercício Criativo - Contraindicação
Saiba mais, conheça os outros textos:


 http://encantodasletras.50webs.com/contraindicacao.htm