Cuidado! Rua interditada

Era um corre-corre danado, gente para tudo que é lado, uns gritando o que ninguém ouvia, outros ouvindo o que ninguém falava. As folhas das árvores iam e vinham ao sabor do vento que as empurravam para todo lado. Sem direção, e como elas tantos outros também assim se encontravam. Atônitos. O trânsito aquela altura estava infernal, as buzinas tocavam uma sinfonia desafinada e sem regras, ouviam-se choros e cala-bocas, um ônibus lotado, gente se espremendo até a janela, olhos arregalados diante do inesperado. De repente, o mundo todo parou, pelo menos aquela parte do mundo, ninguém respirava, nem mesmo um suspiro. Alheio a tudo, aqueles cabelos loiros, pernas ainda cambaleantes, uma mãozinha que ainda trazia pureza, um sinal de PARE, diante do monstro metálico carregado de pernas e braços e algumas cabeças, abaixa-se e pega pelo cangote seu fiel amigo e tira-o dali com a coragem de um bravo guerreiro salvando-o das garras mortais do inimigo que quase o separa de seu companheiro de aventuras. Sobe a calçada e como quem tem a simplicidade da vida acena com a mão, e tudo volta ao normal.

Lilian Pool

13/08/10