Pequeno Conto sobre a Inveja dos Deuses

Cena 1

Como entender uma avalanche de sentidos e sentimentos descendo de alturas impossíveis e caindo justamente na sua cabeça ? Não , Não se entende, apenas se vive, sente, deixa viver.

E foi nesse estágio e com o seu caos um pouco mais doce que ela entrou no Metrô naquela manhã fria, quase meio do dia, as vezes tudo assustava, crescia, metia em perigo, um auto perigo, medo anacrônico. Era nessa cena de Hitchcock que ela começava a vivenciar a paixão através da falta. Aquelas mãos, palavras e fotos, as letras perdidas na escuridão, o sentimento, a sensação.

De tanto negar caia em contradição, não estava sozinha nessa visão, haviam outros olhos vivendo a mesma imaginação, em sintonia, em desapego de total prisão. O estar-se preso por vontade.

Os tachos tinham ardido tocados pelos braços de chamas da fogueira a noite toda e arderiam ainda mais, contemplando corpos nús dançando com punhais,os pés no chão. Sortilégio.

Cena 2

Ele pegou o café e o jornal e sentou-se para assistir sua melhor ressurreição.

Tudo era leve, se propunha a viver dia após dia sem uma rota, sem tortura e sem sofrer.

As mão dão o corte num baralho e os dedos puxam um valete de paus, o andarilho, cigano, dizia que não era o momento de parar, uma passo a frente, uma nova e mágica revelação, dentro da noite tinha visto a dança imortal dessa bela e etérea mulher, a menina do metrô. Todos os deuses invejam os mortais pela capacidade de sentir e ser sentido e saber que um dia virarão pó, medo e excitação, por isso guiam nossos destinos tendendo a nos afastar dos nossos orgamos mais imortais, da nossa entrega perfeita. Fechou o jornal, meteu o arcano no bolso e saiu apressado, precisava dizer algo, sussurrar , gritar.

Cena 3

Ela ganhou o ultimo degrau e rua, sumindo ao dobrar a esquina.

Ele ganhou o ultimo degrau e percebeu que os deuses riam do sutil desencontro.

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