Uma última leitura em meu quarto
Espectros com luz, sem voz, sem matéria rondam pelo meu quarto. Assombram, assustam os bons pensamentos, perturbando uma paz divina de orações. Tenho companhia: a fraqueza e o medo não se olham nos espelhos, não encaram os pesadelos, portanto não fogem!Ao contrário, deitam-se ao meu lado num abraço gelado e com força, a força dos covardes, dos subsentimentos.
Uma consciente brisa penetra a janela fechada e segue sua rota delineando ao redor do corredor. O ritmo descompassado dos corações se acelera, despertando-me. Três frias mãos acendem a luz.
Nem espectros, vozes, brisas... há o nada.Apenas livros espalhados,os dos vivos na prateleira e Neruda,Quintana e Drummond cochilando no chão.