Fim da inocência: o nunca mais
Pego-me conjurando fórmulas mágicas, mantras e até orações convencionais que me livrem dos amores difíceis... Principalmente de você. Eu até entendo que os dias difíceis andam cansativos e longos. Mas este final de semana, entre lagos, foi diferente. Não foi moço? A carioca metida virou dona de casa, e dentro desta caricatura, quase Amélia: fui bem feliz. E o mais engraçado é que por mais que tenha decorado direitinho suas falas, gostei da vida que sempre critiquei... Seja isso ironia ou mera inveja.
Durante a tarde cozinhei, por mais que não tenhas provado do meu tempero. E a noite o deixava adormecer em meu ventre nu, cuidei de seu apartamento como se fosse nosso. E a vida passava lentamente com tempo de sobra para perder tempo.
Andava pela cidade deslumbrada e no meio do dia, ao som da sessão da tarde, deitava na sua cama sozinha para avistar o coqueiro pela janela. Ele, meu querido coqueiro, acompanhou minha passagem, ele confirmava que tudo que vivi nos últimos dias, ele era o retrato do paraíso iludido do jardim do Édipo.
E se dá mais um fim há época da inocência. A ilusão se mostra cada vez mais adulta. Infelizmente o tempo passou. Acendo um cigarro, apuro meus sentidos, e mesmo como um mero “gato escaldado” já sei, chegou à época de você começar a ficar diferente. Sempre foi assim, desde nosso primeiro encontro. Desde nosso primeiro beijo. Então, invento uma desculpa esfarrapada e saio da sua vida. E neste momento, quase sinto o toque que da mão e seu beijo doce, mas também sinto de longe o pavor do que eu represento para você e novamente me prometo: daqui por diante, nunca mais ...