Rua Paissandu

Rua Paissandu

A rua da minha infância era a rua mais linda do mundo aos meus olhos de menina. Ela era comprida e bela pois começava no mar e terminava em frente a um palácio todo branco, majestoso. As suas palmeiras imperiais acompanhavam todo esse caminho encantado. Lá havia um jardim no qual passei os melhores momentos da minha infância, onde fiz meus primeiros amigos, onde aprendi a crescer. No verão, havia o canto da cigarra, anunciando férias, sol, mar, paqueras, divertimentos e liberdade. Lembro-me que à noite, nossa turma reunida, a maior preocupação era saber se daria praia no outro dia. Era sempre o mesmo gostoso ritual: todos olhavam para cima, para o céu, como se fôssemos qualificados navegantes a fazer a previsão do tempo.

A minha primeira visão eram as folhas das palmeiras e, por trás delas, o céu azul escuro, cheio de estrelas, anunciando que eu seria também feliz no outro dia.

Há muito tempo não existem palmeiras nas ruas por onde tenho andado. As ruas são áridas, feias, sem encanto. Estou longe do mar. Estou longe daquela menina que olhava o céu estrelado entre as palmeiras e acreditava que seria feliz. Longe da sensação de liberdade que aquela rua encantada me oferecia. Lá era o meu mundo, onde me sentia segura, onde conhecia de alguma forma, todas as pessoas que por ali passavam. Era uma rua de poucos carros, sem perigos. Era a rua das palmeiras, aquela que começava no mar, e um palácio todo branco no final de sua história.

Diana Taboada
Enviado por Diana Taboada em 05/08/2010
Código do texto: T2420798
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.