Tristeza de malabares

Continuo andando pela rua, desviando das pessoas. Algumas fingem não me ver, umas me olham com nojo, repulsa, e outras ainda, dão risinhos, apontam e fazem comentários. Nenhum agradavél.

Sinto frio. Minha roupa é pequena demais para me esquentar. Meu rosto coça. Deve ser alergia a tanta maquiagem barata.

Olho para o lado. Vejo que o semáforo está vermelho e que um menino de roupas esfarrapadas e cabelos desgrenhados tenta chamar a atenção dos motoristas com seus malabarismos. Não tem sucesso, ninguém o olha. Muitas pessoas parecem que não enxergam. Talvez nem o queiram.

O menino insiste, vejo nele tristeza e esperança. Vejo contradição. O sinal abre e eu observo o pequeno malabarista correr em direção ao passeio, em minha direção.

Ele deixa, logo ao chegar ao passeio, alguns de seus malabares cair. Pede ajuda a uma senhora, que o ignora. Insiste, mas não recebe nenhuma ajuda, parece ser invisível para mulher.

Vejo uma lágrima em seus olhos. Me aproximo, pego os malabares caídos, os entrego novamente ao menino e enxugo seu rosto. Ele me dá um sorriso, triste, mas verdadeiro. O menino me agradece.

O sinal fecha. Ensaio um "de nada". Enquanto o malabarista volta ao trabalho.

Joanna Santana
Enviado por Joanna Santana em 04/08/2010
Reeditado em 04/08/2010
Código do texto: T2418854