Pimpão

Numa cidade, havia um rapaz meio desajeitado, que adorava ir a festas, nos finais de semana. Chamavam-no de Pimpão, e tinha quase dois metros de altura. Toda festa que ocorria no bairro, lá estava ele. Já estava cansado de dançar sempre com as mesmas mulheres que frequentavam as chamadas “tertúlias”. Um belo dia, ele resolveu ir a uma festa que acontecia do outro lado da cidade. Mas ele não tinha carro e, teria mesmo que ir de ônibus.

Nessa época, os ônibus funcionavam somente até à meia-noite. Nessas tertúlias, não são igualmente as de clubes, e muitas delas não passavam das 02h da manhã; são um tanto mais reservadas — para pessoas conhecidas que moram, geralmente, na mesma região.

O Pimpão fora convidado através de um amigo que morava nessas imediações, e era seu amigo de trabalho. No dia da festa, ele colocou sua melhor veste — um paletó preto, todo engomado — perfumado, e foi para a parada de ônibus. A tertúlia ia começar às 21h; pelo cálculo que fizera, daria tempo o bastante para dançar e se divertir até a zero hora; assim, poderia voltar de ônibus, e não, a pé.

Chegando ao bairro, foi diretamente para o local, na hora marcada. Dançou com várias convidadas que conhecera — para não dizer todas. Dançar era o seu bel-prazer. A festa estava tão boa, que esqueceu as horas e perdeu o último ônibus. Até então, tudo normal, afinal, ainda iria dançar mais algumas músicas para não perder o costume. A festa acabou lá pelas 03h. Cansado de tanto dançar, pensou:

— “Agora vou ter que colocar o pé na estrada..., mas estou satisfeito; pensando bem, valeu a pena ter vindo me divertir.” Como ele era muito alto, seus passos eram longos, e logo, logo chegaria a sua casa. Despediu-se das pessoas que conhecera, agradeceu a todos e foi embora. No meio do caminho o sapato começou a fazer um calo, já tinha andado uma boa distância; mas o cansaço foi aumentando e aumentando a cada passo que ele dava.

Já eram mais ou menos umas 04h; quando ele estava passando bem na frente de um cemitério; e resolveu descansar um pouco; mas aquela região era perigosa e poderia ser assaltado ou atacado por alguém; então, decidiu subir na laje que ficava sobre o portão central. Deitou-se e cochilou um pouco.

Quando abriu seus olhos, o dia já estava quase clareando; quando avistou um padeiro levando os pães em sua bicicleta; o cesto estava até a “boca”. Naquele tempo, os padeiros entregavam os pães sob encomenda, e os levavam de bicicleta. O Pimpão levantou-se sobre a laje, todo vestido de preto e indagou em voz alta:

— “Padeiro..... Dá um pão aí!”

* O que você faria, vendo um marmota daquele com quase dois metros de altura, em cima de uma laje, sobre o portão do cemitério... E ainda todo vestido de preto?! Bom, nessa história o padeiro pulou da bicicleta, deixando para trás o cesto de pão no chão, e, perna pra que te quero!...

Paulo Costa

Pacco
Enviado por Pacco em 25/07/2010
Reeditado em 07/10/2011
Código do texto: T2398833
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