O Pintinho
Certa vez, um pintinho que morava na roça, ouviu falar que, na cidade grande, existia mais oportunidade de trabalho e muita diversão.
Um belo dia, pegou todas as suas coisas, e lá foi ele para a tal cidade grande.
No meio do caminho, ele encontrou logo de cara um urubu, cheio de malandragens.
— Aeee, Pintinho... para onde você está indo, assim, com tanta pressa? Perguntou-lhe o urubu.
— Ah!, estou indo para a cidade grande — cansei de viver na roça! Exclamou o Pintinho.
— Que nada, Pintinho!... Você está maluco? Onde já se viu dizer que, morar em cidade grande é bom para se viver? Não é assim tão fácil! E por falar em maluco... Tenho uma “coisa” aqui, e gostaria que você experimentasse; “topa”?
— Não sei, senhor urubu!... A menos que me diga que “coisa” é essa?
— Não se preocupe, confie em mim... Jamais lhe daria essa “coisa” se não fosse boa!
Então, o urubu retira de dentro de uma de suas asas, um cigarro de maconha, e entrega ao outro.
O Pintinho nunca fumara maconha nem nada em sua vida; não sabia o mal que poderia lhe causar. Mesmo assim, resolveu experimentar.
Fumou, fumou, fumou... Enquanto isso, o urubu ficou à espreita, para ver qual reação ele ia sentir, depois que fumasse aquele cigarro. E perguntou-lhe: Aeee, Pintinho..., que “barato” você está sentindo?
O Pintinho, então responde: — “Não sinto nada!...”
Pensou o urubu... — “Mas isso não é possível; fumar todo aquele baseado e não sentir nada? Já sei o que vou fazer... Vou dobrar a dose!” E assim o fez!
Entregou ao Pintinho, e ele fumou, fumou, fumou... O urubu, pergunta-lhe:
— “Aeee, Pintinho... E agora?... diga-me, que “barato” você está sentindo?
O Pintinho responde novamente: — “Não sinto nada!...”
Pensou o urubu: — “Mas que diacho é isso?... Fumou dois baseados e não sentiu nada?
Vou “sacanear” esse Pintinho... Desta vez, vou fazer uma “tora” bem grande; quero só ver se ele não vai sentir nada!”
— “Aeee, Pintinho... Trouxe uma “coisa” aqui bem mais forte, bem mais interessante... Essa é da boa... Acende aí!...”
E o Pintinho fumou, fumou, fumou...
Desta vez, o urubu se certifica, se o Pintinho estava a fumar, realmente. Assim que ele acabou de fumar todo aquele baseado, o urubu pergunta-lhe:
— “Aeee, Pintinho... E agora, meu irmão?... diga-me, que “barato” você está sentindo agora?”
O Pintinho, molemente responde: — “Não sinto absolutamente nada!... Não sinto o bico... não sinto as asas... não sinto as pernas...”
(PAKIANÔNIMO)