Dama em Vermelho

Do chão brotavam inúmeras gramíneas que, como se ansiassem tocar o céu, elevavam-se!

Um enorme mar verde de proporções incomensuráveis...

E nele galgava a bela Dama!

Os longos cabelos, negros como as asas da graúna, pairavam com as lufadas de uma noite tormentosa...

Um longo e alvo vestido cobria-lhe o corpo, e os pés, descalços, moviam-se de modo fugaz abrindo efêmeras clareiras pela mata...

Mordia os lábios enquanto corria. Compreensão lhe carecia para explicar o porquê de tanto júbilo... Não saberia! Contudo, sentia que singrar a imensidão esverdeada, em seus passos acelerados, impedia-a de explodir!

Queria voar! Sentia-se leve o suficiente para deambular com os pássaros sob o arrebol!

Do que se tratava tanto regozijo?

Viver... um obstáculo! Queria além... cobiçava a morte!

Desprendeu os dentes dos lábios. Em seu semblante, o mais aprazível sorriso já visto pelos homens...

Os cabelos tocaram-lhe a cintura, interrompera os passos. Seus olhos, oceanos ermos, confrontavam a beleza das paisagens naturais.

Arfava.

Estendeu seus braços, formando com o corpo, uma cruz...

Em círculos, dançava com o vento...

E ao som de suas gargalhadas, as estrelas condescendiam seu brilho... e seu lugar no espaço!

Do céu ao chão, riscos luminosos laceravam o ar! Os astros, extasiados, vinham a Dama prestar companhia...

Explosões!

A Dama dançava perante ao fogo que, como um cavalheiro, retirava-se de seu caminho...

Levou a mão à algibeira em sua cintura, a lâmina fulgurou à luz ígnea.

Usou-a no corte de seus pulsos, os quais elevou ao alto...

E enquanto procedia com seu baile, vertia da incisão um vermelho vivo único, que coloria seu corpo e veste...

As chamas agora, assim como as estrelas, eram suas convivas...

E com elas iniciou seus últimos passos!

Manteve-se naquele mar vermelho com a bravura de um corsário em alto-mar... até que às cinzas retornasse.

Raphael de Oliveira
Enviado por Raphael de Oliveira em 13/07/2010
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