O CAMINHO DO AMOR
Por mais que procure ser fiel, talvez não possa retratar o caminho perfeito do amor. Um dos motivos seria que todos os seres humanos são diferentes; ou a perfeição é a palavra que o homem procura e está fora do seu alcance.
Para vários transeuntes que pesquisei sobre qual seria o caminho correto do amor, não obtive respostas das mais variadas. Um deles respondeu-me que o caminho certo do amor seria aquele que pintasse no momento. Outro disse que o caminho perfeito do amor seria aquele que começasse no olhar e terminasse no túmulo - ou além túmulo - se existir vida após a morte, entre outras poucas e sem muitas variações.
Entre os transeuntes, um jovem respondeu-me que por mais que nos esforçássemos para traçar o caminho do amor, não conseguiríamos. O próprio amor é que traça o seu destino.
Obtive como resposta, também: “O amor é tão cruel que, ao mesmo tempo que nos atravessa com sua flecha, nos deixa.” Vejamos o porquê desta bruta afirmativa. Quando “ele” nos fisga, o nosso coração não ouve ninguém, por mais absurdo que esse amor for, para nós ele é perfeito. Não importa com o tamanho, não importa-se com a origem, nem com o gênio, nem com a diferença de idade. Quando nós partimos em caminho da busca do amor não há empecilho que nos faça parar. Lutamos. Brigamos. Esquecemos pais, amigos, parentes. Ora fazemos correto: ouvimos a voz do coração. Ora o incorreto: não ouvimos conselho de ninguém mesmo.
Com a flecha atravessada percorremos inúmeros caminhos, encontramos a felicidade momentânea (não há felicidade, existem apenas momentos felizes) que enaltece o coração. Outras vezes partimos loucamente em busca deste cruel amor. Cruel amor feito castelo medieval trancado a sete chaves.
Lutamos. Brigamos, esforçamos, afinal... Alcançamos. Batemos e a porta se abre. Mas a insistência foi dura. E a surpresa ainda é maior. Agora já dentro, sentimo-nos sós e cheios de dor. Reina “o silêncio e a escuridão - e nada mais”. Estes fatos mostram-nos quanto o amor é cruel.
Parei. Pensei. Concluí: o caminho do amor chama-se mistério.
03 de Julho de 1999.