Contos de uma Gueixa- A primeira missão

Contos de uma Gueixa- A primeira missão

Eike está para chegar. O neto do homem que possui o terceiro envelope. Através dele queremos descobrir onde está escondido o terceiro envelope com o código secreto.

Não sabemos ainda se ele sabe do segredo ou não. Depois de receber por escrito todas as instruções do que eu deveria fazer uma frase no final do documento não sai da minha cabeça:

-Não faça sexo com ele.

Sorri.

Mike pode entender tudo de códigos secretos, segurança e defesa pessoal, mas não deve saber até onde uma mulher por ir quando quer descobrir algo importante.

Desde que meu marido se foi não estive com nenhum outro homem. Meu corpo e minha mente desejam sentir prazer real.

Cheguei ao prédio e me preparei para recebê-lo. Deixei cair e pétalas vermelhas. Deixei meu corpo nu sentir a sensação de estar sendo acariciado pelas pétalas vermelhas. A luz de algumas velas e o aroma das flores acende meu desejo e minha imaginação corre solta.

Imagino o jovem entrar na casa e me encontrar ali na banheira, sem cerimônias nem timidez ele vem e tira toda sua roupa na minha frente e toca meu corpo dentro da água, desliza suas mãos por minhas coxas e me leva ao gozo com toques delicados e intensos.

Ele entra no ofurô e sinto seu corpo jovem e belo despertar em mim todo desejo que há muito não sentia. O beijo dele é suave e meio sem jeito, me excita ainda mais, ele sussurra no meu ouvido que é virgem e eu, surpresa, não demonstro reação nenhuma, mas de repente pensei que não saberia como fazer, toda a minha experiência sexual sumiu, em vez de mostrar a ele como se ama uma mulher, tornei-me eu a virgem e deixei que ele explorasse meu corpo como desejasse que beijasse meus seios, que seus dedos descobrissem cada parte do corpo de uma mulher que ele desconhecia e adorei sentir isso.

Adorei ser explorada centímetro por centímetro, adorei sentir seu sexo procurar abrigo no meu corpo faminto, adorei sentir o êxtase dele surpreso e fascinado, adorei sentir o corpo dele, adorei quando num ato louco e que só a fantasia pode conceder ele bebe da sua própria seiva. Êxtase total.

Sonho ou fantasia?

Não sei.

Também não sei quanto tempo se passou, mas me apressei em sair da ofurô, cobri meu corpo apenas com um quimono branco e nos lábios batom vermelho.

Estava tranqüila e curiosa, aquele momento seria importante. Interpretar um papel, tentar descobrir nos gestos e nas palavras dele o que eu precisava saber. Conquistá-lo para obter informações. Torná-lo cativo para através com isso descobrir se seu avô guardava consigo um dos envelopes ou se já havia lhe revelado onde está.

Segundo Mike a organização havia investigado e quase chegou ao lugar onde o avô guarda o envelope, mas o agente foi assassinado e a investigação foi paralisada. O agente era o meu marido.

Ouço passos na escada e sinto que é ele.

Sua beleza me fascina porque não é uma beleza comum. Alto, muito magro, cabelos pretos e desalinhados, um fio insistente em ir para o lado contrário do outro, há algo de muito delicado no tom branco de sua pele, mas ao mesmo tempo aquele corpo aparentemente frágil se mostrava forte, impenetrável como a brisa suave e a rocha.

Sou a “cartomante” e evito olhar nos olhos dele, talvez porque sem saber ele fez amor comigo momentos atrás, na minha fantasia.

Sinto seu olhar desnudar-me inteira, sinto o perfume dele turvar meus pensamentos, mas preciso me manter fria e calma.

Tento me concentrar no que me trouxe até aqui:

-Você está aqui em busca do seu passado ou do seu futuro?

-Não sei. Recebi um telefonema dizendo que você me diria algo importante.

-Sim. Você pode ter algo que me pertence.

-Como assim? Não conheço você, como posso ter algo que lhe pertence.

-Um envelope. Um código.

Ele ficou branco, agitado. Mas conteve-se e apenas disse:

-Não sei do que você está falando e creio que não temos mais nada para conversar, acho que foi tudo um engano.

-Espere. Volte.

-Eu preciso de você. Ajude-me? Por favor?

Num gesto de desespero pela primeira vez levantei os olhos para ele. Senti meu corpo estremecer.

Ele não resistiu, não fugiu. Estendeu-me a mão e fez que sim com a cabeça.

Os olhos dele são verdes, profundos e interrogativos, são uns olhos de mar e de vento de terra e de dunas, de espuma e de chuva.

Não desviei o olhar, não fugi, não recuei, não lembrei a frase no documento, não lembrei meu verdadeiro nome, não era mais eu ali.

Era a Gueixa.

Algo transcendeu naquele momento e apenas deixei meu corpo me levar, meu desejo caminhar por mim e por ele, fomos para o quarto e deixei ele me amar como o homem virgem da fantasia ou do sonho.

Imagino que vai haver punição, as histórias que ouvi da organização é que eles punem severamente quem descumpre as regras.

Mas estou pronta para tudo. A morte não me assusta, o que mais pode me assustar?

Saio do prédio em silêncio, entro no meu carro e viajo sem parar por horas e horas, queria que fosse tudo diferente.

Volto para a casa de Mike. Tenho medo que os olhos dele desnudem meus pensamentos.

Estou no sofá perto da lareira, lendo um livro.

Mike entra na sala, olha para mim e diz apenas:

-Você não pode sair daqui durante 15 dias, é para sua segurança.

E saiu sem fazer perguntas.

-Será que descobriram o que me envolvi com Eike. Será que havia câmaras escondidas no local?

Minha inexperiência foi meu erro na primeira missão, foi não imaginar o que está por trás de toda esta organização, o que querem realmente de mim?

-Querem me proteger ou me usar, sou uma prisioneira ou uma agente?

-Quem é Mike afinal?

Continua................