O PESADELO DE ANA CLÁUDIA
O PESADELO DE ANA CLÁUDIA
Ana Cláudia saiu do seu automóvel prateado, fechou e trancou as portas todas, pegou na sua mala de tiracolo e entrou no cemitério. Tivera necessidade de ir rezar na campa do marido que falecera à três anos e a última vez que o visitara, fora dois meses depois do funeral.
Entre as campas, ela passava olhando para umas e outras até chegar à do seu falecido marido. Quando chegou, surpreendeu-se ao ver a campa sem flores, a terra parecera que tinha sido pisada. As ervas daninhas cobriam a sepultura completa. Ana chorou e pediu perdão porque já não viera e que nunca mostrara consideração pelo marido nem mesmo depois de morto. Ajoelhou-se e rezou.
Passados uns instantes, viu sair fumo nos cantos da sepultura; as ervas daninhas ardiam e as chamas imitavam um pequeno inferno com o diabo lá no meio aos gritos e às gargalhadas. Ana viu isto tudo, parecia um sonho, mas não era, porque a realidade estava à sua frente. A realidade de poder assistir ao corpo do seu marido em decomposição, que se elevava pela sepultura verticalmente, com os olhos flamejantes e parecendo querer saírem das órbitas. De repente ele perguntou: - Que fazes aqui, sua infiel, enganaste-me em vida e continuas a enganar-me mesmo depois de morto; eu sei tudo, descobri no Inferno, um lugar para onde irás depois de morta. A tua alma não se salvará, eu te amaldiçoo ou minha meretriz maldita. Ana levantou-se, olhou em seu redor e nada viu senão o empregado perto do portão. Chamou-o e quando ele chegou perto dela, disse: - Preciso de um Padre. Preciso me confessar antes de morrer, não quero ir para o Inferno, não… lá é um lugar terrível. Eu nunca enganei meu marido, não… eu só tive um encontro romântico com o Roberto, mas foram só uns beijos de amizade, ele bem que tentou ter relações sexuais comigo, mas eu não quis te enganar, preciso de um padre, quero me confessar…
- Ana! Ana Cláudia! Que se passa?
Acordou e viu o marido olhando-a admirado com o comportamento estranho dela.
- Eu não te enganei… onde eu estou?
- Aqui na cama comigo, que se passa contigo?
- Não sei, tive um pesadelo horrível.
- Vá, dorme querida.
Ela deitou-se, muito aconchegada ao marido e voltou a dormir novamente.
“Quem será esse Roberto?” – Pensava o marido de Ana Cláudia. – “Ela terá que me explicar amanhã de manhã ao pequeno-almoço!”
89/10/16