O suplicio de João e Mara, um conto social
João acordou às 04:30 hs para chegar no trabalho às 08:00 hs. Pegou quatro conduções, trabalhou até as 12:00 hs, almoçou até às 14: 00 hs e saiu do trabalho as 18:00 hs. Percorreu o percurso inverso até a sua residência, chegando por volta da meia noite. Cumprimentou a esposa, também cansada do trabalho na fábrica, foi no quarto do filho, deu seu beijo de boa noite, tomou um banho, comeu alguma coisa e foi deitar.
João e Mara acordaram com os gritos do filho. Ele estava com muitas dores no abdômen. Eles moravam em um lugar distante, e de madrugada era impossível conseguir algum tipo de transporte. João foi à rua, tentando conseguir ajuda de alguma forma, mas ninguém parava para ele. Desesperado ele começou a gritar que seu filho estava morrendo, mas as pessoas, assustadas se negavam a auxiliar o pai em seu estado de aflição.
1. João encontrou um transeunte, ao qual pediu dinheiro. O homem se negou e ele no desespero arrancou o dinheiro do outro e fugiu para casa, em busca de um taxi para levar o filho para o hospital. O outro foi na delegacia prestar queixa, João chegou a levar o filho para o médico, mas foi detido na casa de saúde e preso em flagrante, ao ser reconhecido pela vítima.
2. João encontrou um homem, que se prontificou a auxiliar, mas lhe pediu que levasse um pacote até um certo ponto da cidade, para o que, ele em seu desespero aquiesceu, tornando-se assim, sem querer, um traficante de drogas, vítima do seu próprio desespero e da falta de auxilio e amor que nós, seres humanos temos uns para com os outros, em nosso medo e egoísmo.
3. João voltou para casa, sem ajuda. E ficou assistindo, no desespero o seu filho chorando e se contorcendo, até se acalmar, morrendo por falta total de auxílio, com um apêndice suturado ou alguma coisa parecida. Tornando-se assim um homem revoltado contra a sociedade, um sociopata, vindo com o tempo a descarregar o seu ódio no seu próximo, destruindo a sua própria vida.
Esse caso, especificamente é fruto da minha imaginação, mas é algo muito real, que ocorre muitas vezes no dia e na noite. Claro que há aqueles casos que têm um final feliz, pois há muita gente boa no mundo, pronta para auxiliar, mas nós ainda vemos muito sofrimento entre as pessoas do nosso povo e para isso precisamos nos conscientizar da dor alheia, para saber que a vida às vezes pode ser amarga e unidos podemos nos ajudar.