Sonho plantado na terra





Apenas bobagens que ele dizia, pensava a mãe quando o ouvia falar em largar  a terra firme donde sempre viveu, pegar um barco e correr as águas desse mundo.

O que haveria de ter dentre tanto sal? Repetia ele, dia após dia.

Seus pais, nascidos daquele pó, lamuriavam.
 
No entanto, ele continuava com a obstinação. Já era mania, desde menino, quando fazia desenhos de barcos no chão batido sob a sombra da paineira.

Chegou até a esculpir um no tronco derrubado pelo vendaval. Ficou bonito, o trabalho!
 
Um dia, partiu. Partiu assim, como quem se despede de alguém para rever amanhã.





heleida nobrega
Enviado por heleida nobrega em 26/06/2010
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