Contos de uma Gueixa - A revelação

Mike o investigador responsável pelo caso está a minha espera.

Ele diz num tom seguro e frio:

-Eu sei que é um momento difícil, mas preciso perguntar se o seu marido fez alguma revelação, se falou alguma coisa antes de morrer.

-Não. Ele não disse nada.

Não confio em ninguém. Pelo menos em alguém que acabo de conhecer.

-Você quer ir para a casa de algum parente, para um hotel?

-Não. Só quero ficar longe dessa casa e descobrir quem fez isso com meu marido.

-Você pode estar em perigo. Posso ajudá-la. Mantê-la em lugar seguro.

-Não estou envolvida em nada, não sei o que aconteceu com meu marido e quem fez isso com ele, mas não tenho motivos para fugir.

-Olha não sabemos quem fez isso, mas sabemos que você corre perigo sim. Podem achar que você tem informações que não poderia ter. O que aconteceu pode estar ligado a uma seita ou organização.

-Seita? Organização? Mas meu marido nunca fez parte de nada disso, ele me contava tudo, não tínhamos segredos, confiava plenamente nele. Mas esta bem, eu aceito sua ajuda. Por pouco tempo pelo menos até saber o que aconteceu.

Pensei sem saber o que me esperava.

No caminho eu estou em silêncio ainda abalada, mas ele parece querer dizer-me mais alguma coisa só não sabe como, não parece ser um homem inseguro, homens como ele disfarçam muito bem os sentimentos, mas eu noto pelo jeito como ele me olha.

Na rua central Mike entra na garagem de um prédio moderno e escuro. Estaciona o carro, desliga o motor, olha para mim e finalmente fala:

-Você quer realmente saber quem era seu marido e qual segredo ele guardava que a coloca em perigo?

-Quem é você afinal? Eu não sei do que você está falando? Que lugar é esse? Que segredo meu marido poderia ter?

Eu quero saber tudo. Eu quero respostas sim.

No elevador ele usa um código para o elevador subir até o ático.

Na sala suntuosa descobri que mistério envolve a morte do meu marido.

O envelope é um dos 05 códigos secretos que juntos são a chave para uma fortuna em ouro escondida numa cidade da Europa.

Cada envelope tem uma pista crucial. Sem uma as outras não levam a lugar nenhum. Meu marido era guardião do envelope número um. Ele era um homem moderno e não exibia nenhum sinal de quem escondia um segredo perigoso e intrigante.

A seita V como é chamada por eles foi formada por cinco homens que realizam rituais descritos num livro grosso e muito antigo que fica ali mesmo no centro daquela sala sobre uma mesa de madeira escura e comprida.

Para ser um dos cinco guardiões ele precisava manter segredo absoluto sobre a seita e os envelopes deveriam ser mantidos selados até a data que seria revelada no ano 2012.

Ele mais quatro amigos do colégio interno descobriram o livro no porão, uma sala escura cheia de baús e coisas antigas, dividiram os códigos e cada um se tornou guardião de um dos códigos.

Desde então em segredo passaram a estudar o livro e o que tudo aquilo significava.

Começou como uma brincadeira de adolescentes, mas agora se tornou algo sério e perigoso. Alguém além dos cinco homens sabe dos envelopes. Alguém muito poderoso e frio.

Fiquei intrigada e fascinada. Sei que a vida cotidiana que segue um dia após o outro sem grandes novidades esconde coisas que estão acontecendo num mundo paralelo. Enquanto estamos presos a um sofá confortável vendo televisão, enquanto estamos na academia, no shopping, quando estamos vendo no relógio o quanto falta para voltarmos para casa, quanto tempo falta para aquela viagem de férias o mundo do crime, o mundo do tráfico de armas, do terrorismo, da guerra pelo poder esse mundo que não vemos está rodando numa velocidade estonteante em escritórios, museus, salas fechadas sem levantar nenhuma suspeita.

É esse mundo paralelo que acabo de conhecer que muda minha vida radicalmente para sempre.

Como descobri os segredos da seita V sou agora a primeira mulher guardiã a fazer parte da organização. Mudei meu nome, documentos e agora vivo para descobrir quem foi o assassino do meu marido.

GUEIXA

É assim que me chamam na organização secreta, só meu superior sabe meu nome verdadeiro.

Posso ser morte ou vida, êxtase ou dor, delicadeza ou tortura, elegante ou vulgar, prostituta ou puritana. Menina ou mulher.

Sou uma sombra na multidão ou um sol na madrugada fria.

Não tenho endereço fixo, terra e nacionalidade.

Sou de todos os lugares e de lugar nenhum.

G

http://contosdeumagueixa.blogspot.com