Um Conto Indeciso

Caminhava sobre uma ponte quando avistei alguém na beirada da grade, querendo pular, queria cometer suicídio.

Tentei raciocinar. O que deveria fazer? No mesmo segundo, senti algo roçar meu pescoço. Virei minha cabeça e avistei um ser nebuloso, uma visão singular.

Era escuro, não produzia som algum, somente se movimentava ao redor de meu ouvido esquerdo, querendo me dizer algo:

- Vai, empurra! É suicida! Não fará diferença alguma, acredite em mim. - Tinha uma voz macabra, gutural, macia, confortante, cautelosa, enigmática. Seduzia-me.

Senti uma fisgada em minha orelha direita, vi outra daquela coisa nevoenta.

Não era igual. Esta coisa era clara, alva. Falou para mim com uma voz firme, forte, como se fosse alguém me dizendo a mais pura verdade, ao mesmo tempo, dando uma ordem:

- Salva! Não deixa morrer! É humano como tu! Que aconteceu com teus costumes?

Sumiram. Olhei para a pobre alma querendo se matar. Que poderia eu fazer? Aquelas coisas disseram coisas... mas não iria fazê-las, pelo menos, não do jeito que ordenaram...

Decidi-me, fiz o que escolhi certo.