Um Senhor e um Ladrão

O distinto senhor caminhava pela estação de trem, chegara mais cedo para não correr o risco de se atrasar novamente.

Estava bem-vestido, usava sapatos negros bem engraxados, um sobretudo de lã escura com botões prateados e luvas cinzas vestidas em mãos que carregavam um sofisticado celular.

O jovem ladrão avistara o homem. Como não era bobo, andou calmamente em direção à vítima, pronto para roubar o aparelho que chamara sua atenção.

Ele parou o senhor.

- Dê-me teu celular. - Ele afastou o casaco e mostrou a arma.

- Claro, meu jovem. - Ele viu que o ladrão estava um pouco trêmulo e nervoso, sabia o que fazer. - Mas somente se me pedires "por favor".

- Como é?

- O que? Onde estão as boas maneiras, oras!?

- Meu senhor, não estou com vontade nem paciência de cometer outro crime aqui, entendeu?

- Olhe, se você atirar em mim, fugirás e vão te pegar. Sua munição não é infinita... Ou seja, diga por favor que eu te dou meu iPhone.

- Ótimo! - Relutante, ele falou - por favor, dá-me teu celular!

- Agora! Deixe-me primeiro tirar meu chip... telefonar para todos e dizer que mudei de número seria muito incômodo.

O ladrão estava impaciente, mas como sabia que era melhor esperar, o fez. Finalmente, o homem lhe deu o tal aparelho. Feliz, caminhou para longe, para o mesmo banco que estava sentado.

O bom senhor foi até o banheiro, que ficava na mesma direção que caminhava. Tirou do bolso outro celular, mais simples, colocou o chip nele e fez uma ligação:

- Alô? Polícia?