"O DEDÃO ENSOPADO" Conto de: Flávio Cavalcante

O DEDÃO ENSOPADO

Conto de:

Flávio Cavalcante

Pense num corre-corre dentro do restaurante PONTO DA GOSTOSURA. A sopa servida como prato principal no jantar era conhecida por muita gente e o ambiente já foi freqüentado por grandes nomes.

O garçom principal desse restaurante era o responsável pela fama que o estabelecimento carregava, pois, ele tinha o segredo dos temperos que usava na sopa e este, ele não passava pra ninguém. Já tentaram algumas vezes tentar imitá-lo, mas sempre com o resultado em vão.

PONTO DA GOSTOSURA era localizado no centro da cidade e realmente se tratava de um ambiente de muito bom gosto para bater um bom papo depois de um trabalho estafante, alem de saborear a famosa sopa do garçom. O dia de movimento era naturalmente ás sextas-feiras e o cliente já tinha o hábito de ligar antes para reservar mesas. O garçom com pouco tempo resolveu pôr uma musiquinha ambiente ao som de piano bar, para dar um requinte melhor aos ouvidos dos que lá freqüentavam.

Tinham alguns clientes especiais que o dito garçom fazia questão de servir, indo á mesa com a bandeja composta pela sopa, além de um enfeite especial, afim de chamar a atenção, principalmente se o cliente estava indo ali pela primeira vez.

Só que neste momento que o experiente garçom ia servir o seu prato predileto, mostrava também outra imagem que ia totalmente de encontro ao que todos conheciam daquele lugar tão famoso.

A entrada triunfal do garçom com a bandeja repousada em sua mão, mas com o dedo polegar mergulhado dentro da sopa, chamava a atenção e provocava tensão em muitos clientes que ali freqüentavam. Teve dia que ele, o dito garçom, depois de ter trocado três vezes a bandeja da sopa por causa de confusão criada com clientes, ele, designava outro garçom para atender e aí começava a sessão de amenização dos problemas, tentando convencer os clientes á voltarem outras vezes. E este tipo de confusão já era uma rotina dentro daquele estabelecimento.

Estava difícil o problema ter um fim, pois, o dito garçom era o anfitrião e ninguém não podia dizer absolutamente nada, principalmente os funcionários que morriam de medo de perder o emprego; coisa difícil de arrumar no lugar, até pelo salário que o garçom pagava aos seus funcionários.

O dedão ensopado era a marca registrada do lugar, além da famosa sopa. Uns até de brincadeira comentavam que o segredo da daquela sopa estava exatamente pelo fato do dedão podre do garçom está mergulhado dentro do prato daquela que era considerada um colosso de sopa. Aquilo causava gargalhadas em geral assim que alguém tirava uma brincadeira deste tipo.

O garçom alegava ter um problema de dormência naquele dedo e precisa estar sempre em ambiente muito quente; pois acreditava ele, que assim, não correria o risco de um dia amputá-lo; mas todos tinham certeza que se tratava de mania.

O garçom já havia sido denunciado à vigilância sanitária por causa desse famigerado dedo ensopado, mas mesmo assim, não largava aquela mania que de alguma forma estava denegrindo a imagem do seu estabelecimento comercial.

Um determinado dia de muito movimento. Entrou uma senhora falando ao celular e pela cara dela não era o melhor dia de sua vida; pois falava sempre em tom alto pelo telefone como se tivesse discutindo com alguém. Imediatamente ela pediu a sopa. O próprio a atendeu e quando chegou perto dela com aquele dedão mergulhado dentro do prato, a mulher arregalou os olhos para o dedão e disse que aquele prato ela não queria. Isso repetiu por três vezes e a mulher enfurecida quase jogou a bandeja na cara do garçom, achando que ele estava de brincadeira com a cara dela. Todos pararam para vir a confusão e o garçom tentou se explicar dizendo a mesma conversa. Que o seu dedo tinha um problema de dormência e que precisava estar sempre em algum lugar quentinho. A mulher sacou-lhe uma resposta hilária dizendo.

POR QUE NÃO ENFIA O DEDÃO NO C.....

O retrucar foi mais hilário ainda.

ESTAVA LÁ... MAS EU TIVE QUE PEGAR SUA SOPA...

- FIM -

Flavio Cavalcante
Enviado por Flavio Cavalcante em 09/06/2010
Código do texto: T2310809
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