A história de Alex, quer dizer, César *
Tudo começou quando a mãe queria chamar seu bebê de Alex, mas o pai registrou-o no cartório como César. A mãe aceitou, mas chamava-o carinhosamente de Alex. O vocativo pegou e César ganhou o apelido de Alex. Quando seus amigos de infância chamavam: "Alex!", César sabia que era com ele. Alguns amigos desavisados custavam a acreditar: "Seu nome é César, Alex?"
Na adolescência, seus colegas de escola começaram a telefonar para César, e não sabiam que o pai de César também chamava-se César. César era César Filho. Toda vez que algum colega de César telefonava, ouvia: "César pai ou César filho?". Tinha um colega de César muito engraçadinho que às vezes respondia: "César espírito santo". César percebeu que seu nome trazia esse problema e alguns outros mais. Certa vez ouviu uma bronca do chefe de seu pai, quando respondeu ao telefone que era o César falando. Por outro lado, seu pai já recebeu uma proposta de namoro de uma colega da escola do filho ao responder que era o César falando.
As pessoas também confundiam o nome de César durante sua vida. Na faculdade, um professor o confundia com outro colega de turma e o chamava de Kleber. Uma vez anotou falta para César (que estava presente) e presença para Kleber (que havia faltado). O professor dizia: "Não é, Kleber?". E ele respondia: "É César!". O professor retrucava: "Mas você tem cara de Kleber!". E às vezes César não ligava, e atendia quando seu professor o chamava de Kleber: "Não é, Kleber?", "Ahan...!". Ainda durante a faculdade, César teve uma namorada que o chamava de Marcão em alguns momentos, e César teve que terminar com ela. Aí ela começou a namorar o Marcão.
No trabalho, quando César atendia ao telefone era outro problema: "Escritório! É o César! Bom dia?", "Bom dia, Sérgio.", "É César!", "Ó, desculpe, Régis, eu entendi Sérgio!". Um dia César perdeu sua maleta e demorou uma semana para encontrá-la no Achados e Perdidos com a zeladora: ela tinha etiquetado Hugo. "Poxa, Rose, você não sabia que meu nome é César?", "Pra mim você era Hugo!"
Quando César casou, sua esposa passou a chamá-lo de Vida. Nem quando ela se irritava chamava-o de César: "Caramba, Vida! Eu fiquei te esperando aqui faz uma hora!!".
O tempo foi passando e César morreu. No dia de seu velório, seus amigos resolveram dedicar-lhe uma coroa de flores, mas ficaram em dúvida: "É César com Z ou com S?".
(Publicado em: "Livres para Voar", Andross Editora, 2013)