O PASSARINHEIRO
O PASSARINHEIRO
Zalina amava os passarinhos em geral e os canários do reino em particular; ele tinha um criatório em sua casa e passava todo seu tempo livre cuidando dos filhotinhos e dava gosto ver aquele homem adulto falando com eles, como se fossem crianças de verdade, mas na realidade Zalina tinha a alma pura como se também fosse um menino.
Zalina era pedreiro e se esforçava para prestar um bom serviço, mas se seu corpo estava ali empenhado no trabalho, seu coração estava em casa com seus amados canários e quando chegava depois do dia de trabalho, ia direto cuidar deles e como cuidava bem, cada um tinha sua ração especial e ele explicava para o pássaro o porque daquele alimento.
Ele dizia: aqui passarinho, você precisa ficar forte para cantar bonito e por isso eu misturei um pouquinho de amendoim bem moidinho na sua comida, ai você vai cantar tão alto, que os vizinhos todos vão ouvir e se encantar com seu canto, mas quando você mudar suas penas, vou colocar mais sementinhas para você não enfraquecer e ficar triste.
Quando as canárias entravam no choco, Zalina ficava horas nos domingos fabricando os ninhos para elas, ninhos muito macios forrados com algodão recoberto com tecidos alegres e floridos e dizia que assim elas pensariam que estavam em um jardim e os filhotes sairiam bonitos e saudáveis e esses cuidados pareciam funcionar mesmo.
Seus canários era disputados pelos apreciadores de aves cantoras e Zalina os vendia, mas sempre com pesar de se separar deles, mas precisava de dinheiro para manter a criação e ele era um homem pobre, mas era um pobre feliz, porque em sua humildade e rodeado de seus filhos e de seus pássaros, ele só pedia a Deus saúde e paz.
Nosso Senhor atendia seu modesto pedido, ele e os seus eram saudáveis e viviam alegres com o pouco que tinham, embalados pelo suave e maravilhoso cantar dos passarinhos; Zalina era negro, mas só por fora, porque sua alma era mais branca que flocos de neve, sua bondade era admirada pelos que conviviam com ele.
Durante anos e anos ele viveu sempre sorrindo , envolvido com seus canários, sua família e seus incontáveis amigos e quando ele voltou para junto do Pai, se foi suavemente como foi sua vida; parecia que sua alma voou para o céu , carregada pelos biquinhos de centenas de canários alegres e cantando suas lindas melodias e ele lá está com eles.
Maria Aparecida Felicori{Vó Fia}
Texto registrado no EDA