A MORTE DO JIPE

A MORTE DO JIPE

Ele se chamava Jipe, mas não era uma condução, era muito mais que isso, porque um jipe leva as pessoas a seus destinos, leva cargas e serve para muitas atividades, mas o jipe de Laudicéia distribuía alegria, amor, amizade e sua alegria era uma constante chovesse ou fizesse sol; as crianças daquela rua adoravam aquele jipe feliz e brincalhão.

O aqui referido Jipe era um bonito cão de cor amarelada e de raça indefinida; podia ser uma mistura de labrador com qualquer outra raça, mas era o melhor e mais alegre cão do mundo e para sua dona ele era o amigo de tempos certos e incertos, o companheiro para passeios pelo campo, o vigilante atento e fiel e o amigo e babá das suas crianças.

Laudicéia era confeiteira e trabalhava despreocupada, porque Jipe distraia seus filhos e enquanto eles brincavam ela trabalhava; além dos filhos de sua dona, Jipe brincava com os filhos de todos os vizinhos daquela rua e as mães deixavam que ele acompanhasse as crianças o tempo todo, até quando iam para a escola ele ia junto e esperava.

Quando as aulas terminavam ele subia atrás da turma de crianças, cuidando delas como se fosse realmente uma babá; Jipe era o amigo e companheiro de adultos e crianças da Vila de São João, jamais rosnou ou ameaçou atacar qualquer pessoa, era um cão educado e limpo, mas sempre acontece alguma coisa para estragar a alegria.

Vitória uma vizinha e comadre de Laudiceia tinha uma irmã chamada Luzia, que era uma pessoa grosseira e maldosa e era mãe de uma menina mimada e chorona e as vezes vinha visitar a irmã acompanhada da filha, sempre implicava por causa das brincadeiras das crianças com o Jipe, mas Vitória dizia que o cachorro era amigo das crianças.

Uma tarde os filhos de Vitória e os de Laudiceia brincavam com o cão e a menina de Luzia estava junto e na correria da brincadeira, ela caiu e esfolou um pouco o braço, Luzia foi a casa de Laudiceia e acusou Jipe de ter arranhado o braço da menina, mas as demais crianças defenderam o animal, contando da queda da criança e o assunto parecia encerrado.

Na manhã seguinte Laudiceia foi levar comida para o estimado cachorro e o encontrou morto dentro de sua casinha; aos gritos da mulher a vizinhança correu para acudir e foi uma tristeza, crianças e adultos choravam desolados, ninguém entendia o que tinha acontecido até chegar um veterinário que atestou que Jipe tinha sido envenenado.

Laudiceia disse: foi a Luzia quem matou o Jipe, mas ela vai morrer também e vai ser agora; a mulher entrou em casa e saiu com um revolver Taurus nas mãos se dirigindo correndo para a rua e por azar a tal Luzia ia passando, Laudiceia levantou a arma e atirou, Luzia escapou da morte porque um dos vizinhos empurrou a mão da enfurecida mulher.

A bala se encravou na parede da casa em frente e a tal Luzia caiu no chão apavorada, escapou do tiro mas não escapou da surra que os amigos do falecido Jipe lhe deram, ela apanhou tanto que foi carregada para o hospital, onde ficou internada por um mês inteiro se recuperando; quando saiu do hospital, tratou de se mudar para longe da Vila de São João, onde se tornou odiada por toda a população.

Maria Aparecida Felicori{Vó Fia}

Texto registrado no EDA

Vó Fia
Enviado por Vó Fia em 29/05/2010
Código do texto: T2287111
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