A névoa
A névoa
“Uma estranha sonolência envolvera todas as coisas viventes, como se de repente o mundo tivesse se convertido numa imensa necrópole repleta de seres mergulhados numa apatia semelhante à morte. Em todos os pontos da Terra, milhões de corpos de pessoas e animais jaziam inertes sobre o solo, anestesiados por uma força desconhecida.
Durante duas horas a situação permaneceu inalterada, até que finalmente todos começaram a despertar. Fracos e desorientados, como se todas as suas energias tivessem sido sugadas por vampiros, foram surpreendidos pela presença de uma estranha neblina acinzentada, cuja origem ninguém conseguia explicar. Aquilo parecia ter se materializado subitamente, proveniente de alguma dimensão oculta. E o mais surpreendente é que aquela névoa estava espalhada por cada centímetro do Planeta, envolvendo todas as cidades, campos, montanhas, mares e se estendendo até a alta atmosfera, como um manto onipresente.
As comunicações que foram sendo restabelecidas não deixavam dúvidas: aquele era um fenômeno global. Em vão, procurou-se uma explicação para aquela repentina perda coletiva de consciência e para a névoa, que a cada hora se tornava mais intensa, restringindo a visibilidade a poucos centímetros, a ponto de impedir o tráfego de todos os veículos, produzindo acidentes em muitas regiões. Todos agora temiam um possível ataque por inimigos desconhecidos, e o pânico começou a dominar a Humanidade.
Por fim, a coisa começou a se dissipar, desaparecendo rapidamente, de forma tão misteriosa como havia surgido, deixando em seu lugar uma substância extremamente fina e pegajosa, semelhante ao talco. Aos poucos, todos começaram a respirar aliviados, convictos de que o perigo havia passado. Mas ninguém poderia prever o que ainda estava por vir, pois não sabiam que aquele era o pó da morte, que colocaria todos os seres humanos diante da mais cruel e devastadora das pestes...”