HUMANAMENTE FADAS E BRUXAS! Lia Lúcia de Sá Leitão - 16/05/2010
Engraçado! Todas as vezes que deparamos com alguém que desperta algum mau-caratismo ou simplesmente não cabe em nossos sonhos, a primeira coisa que vem em mente é a fantasiosa imagem da BRUXA.
O mais engraçado é que sempre atribuimos a outrem e nunca assumimos o papel de bruxas e bruxos, realmente dentro do nosso mundinho, jamais cometemos injustiças, nem somos egoístas nem maltratamos o outro e mais interessante não apontamos os defeitos de ninguém, nem atropelamos a Lei da Vida em busca de melhor visão de palco.
Todos somos fadas e príncipes gentis e cordatos.
Sempre sofremos as maledicências dos que nos rodeiam, ah! O perdão até para os amigos que deslizam um comentário inoportuno sobre alguma das nossas atitudes é algo quase inenarrável, um drama, uma tragédia grega, e só perdoamos porque o senso de misericórdia e bondade nos faz diferentes.
Outro dia fiquei muito braba da vida, o meu melhor amigo, ele teve a audácia de me tratar com indiferença, foi frio, mal olhou em meus olhos e a resposta foi seca, não foi ríspida foi sem alma.
Aquilo me fez calar por meses, hoje depois de superar aquele momento retorno um comentário magoado, mas em três meses não procurei o amigo para perguntar o motivo daquele comportamento.
Pensei!
Sempre FUI fiel, sempre FUI honesta, sempre FUI prestativa, sempre FUI companheira, sempre FUI presente, enfim, fiz a catalogação de todos os bons requisitos que todos sabemos que só as fadas boas exercem sobre a banalização da amizade na sociedade moderna.
Como falei acima, três meses e não o procurei, hoje cedo abri o e-mail e lá estava uma correspondência eletrônica, iniciava assim.
Querida Fadinha como estás? O que aconteceu com a nossa amizade tão firme e forte, presente e prestativa hoje sinto esse silêncio frio, sepulcral? Tinha mais coisas escritas que não vem ao caso, essas melecadas que só os amigos sabem dizer. ( Entendam não é melecadas de melecas e sim de MEL a lambuzeira além da conta, a ragação do o favo de Mel.)
No corpo do e-mail ele coloca, não entendi o motivo pelo qual você se afastou, e no último encontro não entendi a indiferença, você não foi ríspida e sim, fria como um ice Berg.
Parei, pensei e percebi como podemos atribuir ao outro as nossas antipatias e momentos nem sempre fortuitos.
Identificar em nós os momentos de bruxas modernas não é fácil.
O que importa é o olhar do outro mostrando o que se pode apontar o outro sem bater no peito e assumir os azedumes.
Finalmente aceitar as duas faces da moeda, na mesma intensidade é se tornar sensível a realidade humana. Assumir a fada boazinha e sem defeitos, mas também conhecer o lado bruxa aos olhos de quem é magado.