___CATARINA, BRISA E VIDA____

Ela era tão frágil e inconstante, seus olhos negros profundos

em certos momentos causavam medo.

Ele estava acostumado a lidar com os males da matéria, mas

os da alma o assombravam.

Mesmo que a psique fosse seu ramo escolhido na medicina.

Havia algo nela que transpunha as barreiras da relação pa-

ciente e medico.

Isso o assustava profundamente, ia em desencontro a sua

ética.

Mas quando la estavam no consultório e ela lhe revelava seus

segredos mais obscuros. ele se continha para não envolve-la

no calor dos seus braços.

Por vezes desejou ser tão somente um homem e dar vazão

ao sentimento aprisionado em seu coração que clamavam

liberdade.

O pranto dela se tornava o dele, seu sofrimento tornava parte

dele.

E naquela tarde especialmente seu coraçaõ estava angustiado,

olhava a rua pela janela ansiando que ela não tardasse as

sessões.

O tic tac incessante do relógio anunciando as horas que sus-

surravam que ela não mais viria.

Assim fora o entardecer triste espera angustiante.

Vieram dias, semanas e meses.

O silencio dela doia em seu intimo, mas que o desprezo de

um amor revelado e rejeitado.

Ate que certa manha o mensageiro chegara com uma carta.

Seus olhos se iluminaram e o coraçaõ palpitava ansiando

boas novas.

Avido por sua amada ele abriu a carta e fora lendo aquelas

letras tremulas e rabiscadas.

A conhecia tão bem que poderia ver seu pranto enquanto

ela lhe direcionava as palavras.

Com tristeza leu cada linha, sentindo a tolice dos medos a

castiga-lo.

Ela se fora temendo ser rejeitada, ele se calou por temer sua

repulsa.

Tudo que ficara fora aquela folha alva com letras em desabafo.

E num canto singelo com ps, Catarina, brisa e vida....

Cecilia Garcez
Enviado por Cecilia Garcez em 15/05/2010
Código do texto: T2259406
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