O CONTO DE FADAS - Lia de Sá Leitão - 14/05/2010
Realmente nunca associamos a palavra FADA a sua essência lingüística e muito menos os contos de fada às suas origens européias. O mundo tornou-se único com o advento da internet e assim o universo da escrita ou da oralidade sobre maravilhoso vestiu-se com outras cores.
Fada deriva do latim fatum que seja destino, fado, fatalidade e em outras línguas segue o mesmo sentido como os conte de fées nascidos na França, os fairy tale na Inglaterra, os cuentos de hadas espanhóis e Märchen alemães significam contos fantasiosos substituindo feenmärchun de mesmo sentido como contos populares.
Os escritores luso-brasileiros de contos de fadas ou de contos populares no século XIX mantinham uma terminologia mais romântica e agradável
como os conto da coronchinha. A terminologia ampliou-se e se modificou ao longo do séc. XX diluindo a poeticidade da criação e das historinhas de trancoso ( mentirinhas) para se dispor à influência etimológica européia assumindo a postura acadêmica de Contos de Fadas.
A fada é um elemento de criação ocidental europeu, eternas, lindissimas, mulheres de fibra capazes de sofrer todos os danos morais e físicos sem perder a postura ou o ar de nobreza. São vencedoras do mal por execesso de perdão e amor, a dedicação e resigniação é a mola mestra das atitudes cotidianas.
A mulher padronizada a perfeita obra da criação romântica para bem servir seu esposo eterno companheiro dentro de um relacionamento assustadoramente sem máculas. A mulher tida como a fada é sempre a representção social do excelente padrão moral, etico, religioso e familar.
As inocentes fadinhas com suas falas angelicais são capazes de mover o mundo sem sair de das suas redomas encantadas.
O triunfo sobre o mal é finalmente exaltado pela persistência da bondade.
As fadinhas jamais se apresentam voluntariosas ou birrentas, e sim, jovens formaosas e pacatas, cordatas e recatadas; sempre vilipendiadas em seus brios pela alma sórdida do feio, do malévolo, da inveja e do malefício da ganância, petulância e arrogância..
Em oposição às boas moças, também existem as fadas rebeldes, malignas, astuciosas, rancorosas, malvadas, aquelas com todos os requisitos do mal e dos sete pecados capitais, as bruxas.
Em se tratando de bruxas, tudo é efêmero.
A beleza é sedutora porém aparente, momentânea, serve apenas para as rápidas e furtivas apresentações em público. A fala mansa está perdida no vazio e se redifine no eco ou no caos expressando ou esternando desejos sedutores e egoista. Possibilitando o maravilhoso dentro da linguagem do perverso.
Analisando a beleza das fadas e o belo camulflando o feio das bruxas identifica-se com a relação humana entre o bem e o mal, o feio e o belo.
Nas entrelinhas a beleza da bruxa é sobreposta a uma insensatez e todos os méritos da pobreza da alma alertando os sentidos para algo monstruoso, disforme, sem uma apresentação que agrade os olhos e alma de quem as analisa. Os adjetivos são vis e dessa forma é o mal caráter que transfigura ou sobrepõe as posturas em feia, disforme, assombrosa.
A infadigável malvadeza das bruxas ou a parcialidade das fadas sempre se utilizam das maledicências ou benesses para uso pessoal. O egoismo e o egocentrismo são intensos no verso e reverso do conto de fadas, o pecado é pelo egoísmo da bondade ou da maldade, a intensidade é a mesma.
Os reinos das bruxas casadas com os Governantes viuvos está voltado para seus valores de sucesso, riquezas e contemplação da luxúria.
Assustadoramente, as fadas se encantam na imortalidade com um amor perfeito, mas que é só seu, um reino encantado que também é seu, suas bondades que só são suas, caracterizando também a conquista pessoal do bem exacerbado e retido em suas mãos.