Suspiro inocente

Porque tudo tens que ser assim? De vez em flôr, sinto o jasmim. Depois só espinhos, tú tens pra mim.

Porque alvidrar em especulação, e em cachoeiras frívolas, me molham o corpo que de todo o vivo, já quase morto, de tristeza e de dor.

O seu suspiro inocente, inconseqüente sentimento. Não percebe um só lamento e menospreza o meu amor.

Oh! banal insegurança! Marca forte da balança. Prisioneira ribeirinha, nas águas fundas das prainhas, lavo minha alma e meu rancor.

Não penso em nada e em nada eu vejo. Me sinto um cego no desprezo, conspirante e conspirado. Nada tenho, nem afago, de quem eu tanto imaginei, desenhando versos em insônias, mantendo-me vivo na agonia de esperar mais uma noite, só pra ver.

Meu cansado coração, Já não bate, só apanha. Sobe forte nas montanhas, pra gritar um grito mudo, muito forte, quase surdo, sem ninguém pra ecoar.

Se é assim vou reconvindo nesse viver. Prefiro estar só em minha dor, de nunca ter tido o amor, que sofrer num sonhador, as ilusões do verbo amar.