E assim tudo começa
Primeiro uma semente plantada, meio inconsciente, desencantada, que não se sabe se vinga ou se mata. Singela e perene dá sinas de vida numa leve mostragem de que chegou.
Suave e arteira começa com a primeira folha, aguardando da natureza a ajuda possível para lhe dar abrigo, que mesmo em folha, já és viva, porém sem nada a conquistar. Levanta a sua base e sustenta. Não finda, agüenta. Os primeiros infantes de dor experimenta, sem saber ao certo o que houve ou o porque sucede, apenas, agüenta.
E assim começa a sua batalha pela sobrevivência, que em longos anos já estará adulta e entenderá tudo o que ocorreu em sua vida, só não saberá da vida, que vida deve viver. Apenas escolhas e caminhos, uns ásperos e com espinhos, mas que trará força ao seu tronco, outros leves e sedosos que apenas lhe darão conforto no momento, mas não farão por merecer a leve pluma da consciência, que mesmo dura e cinza, só dará cores aos justos.
Querida árvore frondosa, eu te plantei quando menino, com a ajuda do meu avô que plantou as suas amigas quando o mesmo, menino ainda era. Vi você crescer a cada estação, lhe dei a vida, lhe dei um chão e hoje o que vejo, você retribuir tudo o que te ofertei, me permitindo sentar a sua beira e sentir o seu afago enquanto me proteges do divino Sol.
Oh! Querida árvore, já não tenho mais a força do menino, pois o meu tempo já se chega, mas você aqui estará para contar a minha historia e do quanto fomos felizes juntos. Quantas vezes dormi em seus braços e por quantas vezes te protegi dos assaltos cruéis da ignorância, que não se preocupa com sua vida. Quantas vezes me vistes sorrir e chorar, dormir e acordar num mundo novo. Quantas vezes me alimentou quando senti fome e por muitas eu lembro, lhe dei água quando sentias sede.
Já estou a quase da minha partida final, mas precisei vir aqui para te dar o último adeus e trocarmos os últimos olhares, pois em breve não mais estarei convosco, mas aqui lhe apresento o meu neto, que como meu avô me ensinou, assim o ensinei também, e agora podes olhar , que não mais sozinho estás, pois ao se lado, ele plantou as sementes dos teus, que serão seus pupilos das graças de Deus, para que muitos e muitos netos, assim como eu, possam ir e vir a ti contemplar.