Filosofia Corpórea

Sobre o que escrever, se tantos já escreveram? Refutava-me só, andando por um bosque, que acarreta esperança nas águas e leveza nos colibris exalando flores perfumosas. Ao lado um rio, ao outro o verde, à frente o caminho esboçado no chão por meio das anosas pegadas de desconhecidos que dantes, andavam por aqui, talvez com suas filosofias e angustias, tal como faço e tal como sou, somente humana.

Não me sentei desta vez em um banco de madeira ao meio do voltear de folhas mortas, como sempre fazia, continuei caminhando e refletindo. Desenvolvi de certo modo uma filosofia vaga e tola, todavia se a felicidade é tola, por qual razão algumas filosofias não o são?

Pensava sobre todos que trilhavam este caminho e os muitos que se sentaram naquele mesmo banco, ruminado e refletindo sobre a vida. Cada qual era único, portanto pensavam de forma única, por mais semelhantes que são alguns pensamentos e até mesmo alguns pensadores. Falo-os de uma filosofia corpórea, onde os pensamentos transpassam a mente e atingem o corpo, deixando em cada local que entra em contato com o seu corpo, um pouco de sua filosofia, somando-a com a que já existia. Sei que isto, aparenta demência de longe, um pensamento absurdo e alucinado, entretanto, quantos não esbarram em outros, os olham silentes e sentem-se diferentes, com uma estranheza na mente ou no corpo. A filosofia corpórea é silente.

Imagine-se andando na rua e derrepente avista uma multidão de pessoas andando ao seu redor. Diante uma bifurcação, no entanto todos trilham um único caminho e ao longe é possível avistar outro que todos estes poderiam tê-lo escolhido e não o escolheram, então tu escolhes este caminho e quanto estas prestes a segui-lo, alguém o segue na sua frente, impressionando-te com esta opção. Neste instante ínfimo quem nunca se indagou o seguinte: Será que esta pessoa pensa semelhante a mim? Então tu a olha e ela olhas a ti e no instante seguinte a mesma desaparece na massa, fazendo-te sentir-se tão solitário, quanto estava dantes de vê-la. Parece confuso, assim como tal exemplo. Na vida as cousas são confusas.

Sigo andando a elucubrar, reparo os que me circulam e que nem um destes seguiu o mesmo caminho que eu. Desta vez encostei-me a frente da metade da ponte que cruza os dois lados do bosque. Inerte, observo o rio, ergo a mão esquerda delicadamente e nas folhas da árvore a passo com carinho, não arranco folhas, apanho as do chão, não por distinção, apenas por respeito. Olho a água, avisto a baixo, meu reflexo distorcido pelo vento. Levanto a fronte, pondero o céu. São horas, vou embora.

Em casa, solitária, penso na natureza, como a cousa mais perfeita que existe e existirá.

Diego Martins
Enviado por Diego Martins em 27/04/2010
Código do texto: T2222037
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