secura
"o seco do tempo
dificulta respirar
o peito infla
a garganta arde
o ar não vem
torturante tosse
desesperante sufocar"
O tempo seco pegou de surpresa.
Acostumada a tudo fazer, saiu correndo para pagar contas, antes de o banco fechar.
Dentro do carro, em meio a um transito caótico, começou a passar mal, sentiu uma falta de ar tremenda, seu peito chiava. Estava tendo um ataque de asma. Procurou em sua bolsa a bombinha salvadora e não a encontrou, no porta-luvas também não, na pressa, lembrou, deixou na mesa da cozinha.
Cada vez mais era maior o esforço para respirar.
Sentiu que desmaiaria em breve.
Parou o carro. Desceu cambaleante, tentando sugar o ar. Colocou as mãos na garganta e caiu no chão desmaiada.
Ao recobrar os sentidos, abriu os olhos, estava com a cabeça no colo de uma senhora, enquanto um menino segura suas mãos.
Por sorte a senhora que a socorreu levava o neto para escola, sendo asmático ela sempre tinha bombinhas na bolsa, no carro e em casa, na falta de uma, havia sempre duas de reserva.
Pediu que ficasse calma que a ambulância logo chegaria.
A ambulância chegou, a colocaram dentro, deram uma injeção, mascara de oxigênio e a levaram apesar de seus protestos.
Quando chegou sua família já aguardava no saguão. Encaminharam para um médico que a examinou e depois deu muitas broncas dizendo que a bombinha era seu maior seguro de vida, não poderia ser esquecida em nenhum momento, melhor pagar juros do que perder seu bem mais precioso.