"A TATUAGEM" Conto de: Flávio Cavalcante

A TATUAGEM

Conto de:

Flávio Cavalcante

Mais uma vez, Cláudio fez uma entrevista para tentar arrumar o seu primeiro emprego. Jovem começando a vida e em busca do mercado competitivo de trabalho e isto passou a ser uma tarefa árdua na vida do adolescente. Cláudio não sabia mais o que fazer; pois, precisava arrumar dinheiro para comprar o leite de um filhinho que nasceu sem projeto algum. Fruto da irresponsabilidade. Cabeça de taturana, comum nos jovens de hoje em dia.

A mulher dele morava com a sogra, que cuidava da mulher de seu filho como se fosse a sua filha e sustentava a criança tirando dinheiro dos seus remédios para ajudar a comprar o leite.

Numa bela tarde, Cláudio consegue finalmente arrumar um emprego. Foi na entrevista e quando estava fazendo os exames, o médico da empresa viu em seu peito uma tatuagem com o nome de sua mulher e seu filho. O médico de imediato falou que não podia na empresa alguém ter qualquer tatuagem ou mancha no corpo. Naquele dia, Cláudio acordou pra realidade da vida e atribuiu o fato de não conseguir arrumar emprego por causa daquela simples tatuagem cravado em seu peito, como uma demonstração do amor que ele sentia pela jovem mulher e seu filho.

Ele já havia passado em todos os testes e foi fazer o exame adimensional e não foi aprovado. Ele saiu de lá com uma tristeza profunda; pois passava naquele momento o sofrimento de sua família e de sua mãe que sacrificadamente tirava das garras a única quantia de sua saúde para sustentar um fruto de uma irresponsabilidade. Cláudio achou aquilo um absurdo e fez questão de voltar a firma pra falar com o setor de recursos humanos da empresa. Chegando lá explicou o que havia acontecido e mostrou a sua linda tatuagem. Eles falaram que infelizmente era a norma da empresa, não admitir ninguém que comportasse alguma mancha no corpo, principalmente algum tipo de tatuagem.

Cláudio se esvaiu em lágrimas e contou a sua vida aquele setor da empresa ficou sensibilizado com a história do rapaz, que ainda jovem mas, com a carga da responsabilidade nas mãos. Eles prometeram que a vaga seria dele, mas ela ia dar um prazo pra ele retirar aquela tatuagem do peito. Assim, eles teriam como admiti-lo já que ele foi muito bem na entrevista e carregava o perfil que a empresa estava precisando. Cláudio aceitou a proposta do RH e prometeu que até o prazo estipulado por ela, estava retirando a tatuagem. Ele saiu feliz, mas preocupado que não tinha nenhum centavo no bolso para reverter o quadro de seu corpo, que por pura vaidade estava marcando a sua vida numa hora que ele estava mais precisando.

Saiu perambulando em sol causticante a fim de encontrar um local pra retirar a tatuagem com pagamento posterior. Todas as portas que ele batia era em vão. O mundo é muito individualista e o dinheiro fala mais alto em todas as circunstâncias. Cláudio não conseguiu resultado algum e foi para casa, desesperançado.

Depois de andar muito sem um centavo no bolso ainda teve que amargar com a notícia negativa de sua tentativa e ainda não ter nada pra comer dentro de casa.

No dia seguinte começou sua nova luta e depois de muito tentar, descobriu através de um amigo uma clínica clandestina que se propôs a retirar aquela tatuagem na eminência de Cláudio pagar depois. Não sabia ele que depois dessa façanha iria mudar a sua vida completamente.

A sessão de retirada da tatuagem foi marcada e segundo os caras da clínica ia ser no modo tradicional. Não se sabe ao certo o que veio acontecer lá dentro daquela clínica. Cláudio depois que saiu de lá, começou a passar muito mal e começou a partir daí uma sessão também de tortura em sua vida. Venceu-se o prazo que a empresa havia dado e mesmo que tivesse dado tempo, Cláudio não teria assumido a vaga; pois veio a falecer pouco depois do vencimento proposto pela a assistente social. A esposa saiu pra encarar o mundo do mercado de trabalho e o filhinho ficou aos cuidados da sogra.

Por causa de mais uma imaturidade acabou pagando um alto preço e o pior, com a própria vida.

QUE SIRVA DE LIÇÃO PARA MUITOS JOVENS IRRESPONSÁVEIS, QUE VIVEM EM PROLL DA VAIDADE.

- FIM -

Flavio Cavalcante
Enviado por Flavio Cavalcante em 22/04/2010
Reeditado em 28/05/2010
Código do texto: T2212564
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