"A VACA DO CABORÉ" Conto de: Flávio Cavalcante
A VACA DO CABORÉ
Conto de:
Flávio Cavalcante
Caboré quando criança tinha um fetiche como qualquer criança na sua idade. Ele achava lindo quando via na fazenda que o pai dele trabalhava o cavalo cruzando com a égua. E ele sempre imaginava um dia fazer o mesmo com aquela égua. Tudo parecia uma brincadeirinha de criança, mas a imaginação da criança é muito fértil. E com o passar do tempo, toda vez que ele passava pela porteira ficava observando a vulva da égua, pois quando está no cio parece a de uma mulher. Aquilo foi tomando conta da cabeça do menino, numa confusão de pensamentos que o garoto não queria mais comer e não dormia direito. Até que um dia já depois de seus dezessete anos, ele não resistiu e aproveitou uma hora que ninguém estivesse por perto e se fez matando seus desejos do sexo em plena puberdade. A primeira vez, a égua deu-lhe um coice que ainda hoje ele manca de uma perna. Mesmo machucado não desistiu e insistiu tanto que a mula acabou cedendo aos desejos animalescos e sedentos de um menino maluquinho. E isto virou uma rotina em sua vida. Viciado, o garoto não podia passar pelo lugar onde a égua estava pastando.
Chegou a um ponto da burrinha não poder ver o Caboré que já ia encostando-se ao pé de uma cerca da fazenda que ele morava. Por causa da reação do animal, todos passaram a desconfiar do moleque, armando no futuro uma boa armadilha a fim de ter a certeza que ele praticava aquele ato tão escabroso com o animal.
Uma bela noite de lua, caboré saiu depois da meia noite e adentrou pelo curral começou a alisar o lombo da burrinha olhando de um lado para o outro para ver se não tinha alguém observando. Baixou as calças e quando já estava pronto pra praticar o ato que ia satisfazer o seu vício. Seus amigos da cidade começaram a dar gargalhadas dentro do mato. Todos estavam escondidos vendo o que já desconfiavam. Pegou o Caboré no flagra e o pior, de calças arreadas. Aquela noite foi a pior noite da vida do Caboré, pois no dia seguinte teve que agüentar as anarquias de todo povo do lugar. E essa história ficou conhecida na cidade onde ele morava. Isso repercutiu até no seu casamento depois de muitos anos passados. A mulher do Caboré de vez em quando o perguntava se ele já tinha esquecido aquela tara pelas burras. Caboré ficava irado e jurava que não passou de uma fase de infância e assim com muito tempo depois do casamento, Caboré foi chamado pra ser o vaqueiro de um colégio agropecuário. Ele era o responsável por todas as vacas do estábulo. Cada uma delas tinha um nome e reconhecia quando o Caboré as chamava pelo nome.
Um belo dia, Caboré levantou-se cedinho pra começar a sua lida diária. A neblina cobria o verde do campo. O friozinho gostoso anunciava a chegava de uma manhã bela e cheia de vida. O espreguiçar perto da porteira antes de iniciar seus afazeres era de praxe.
O estábulo ficava praticamente no quintal da casa do Caboré. O cheiro do café da manhã já estava pelo ar. Enquanto Caboré pegava alguns baldes para a retirada do leite das vacas, a sua esposa preparava aquele banquete de guloseimas típico da região. É normal o café da manhã do nordestino ser recheado de vários pratos.
Tudo pronto pra começar a rotina do seu encontro com as vacas para a colheita do produto. Caboré começa a chamar as vacas pelo nome e o impressionante como elas o obedeciam. O estábulo da escola agrícola, tinha um corredor central e dos lados eram divididos em baias exatamente para facilitar a coleta do leite.
Depois do chamado de Caboré, cada vaca foi chegando em fileiras e se posicionando em seus devidos lugares. Cada uma baia tem uma plaqueta indicando o nome de cada uma vaca. O ato de o vaqueiro coletar o leite de uma vaca, se chama ORDENHA. Parece ser uma tarefa fácil mas não é tão simples assim.
Caboré pegou um banquinho apropriado. Este banquinho tem a altura do peito da vaca. Depois pegou o rabo do animal e amarrou numa corda até a altura do telhado, evitando que o mesmo servisse de abanador. Logo em seguida, deu-lhe uma forte vontade de urinar e assim fez. Desabotoou as calças botou o ógão genital para fora e começo então a fazer a sua necessidade. Visto que, todo homem logo cedo da manhã é natural que nessas horas de vontade de urinar ele fique com o órgão dando uma olhadinha pro céu e foi assim que aconteceu. Até aí não há nada de anormal.
A mulher de Caboré chega repentinamente para dizer que o café já está posto na mesa e quando ela viu a cena. A vaca com o rabo levantado com a corda, Caboré de calça arreada e com o membro virilmente pronto pro ataque, simplesmente ela fez o maior escândalo da sua vida quando viu aquela cena libidinosa.
Caboré esqueceu até que estava urinando e levantou as calças numa rapidez supersônica. Saiu pra explicar o que não passou de um mal entendido. Mas o problema seria como ele convencer a mulher. E não convenceu mesmo. O casal se separou desde este dia. Diz a mulher de caboré que ela foi trocada por uma vaca. E até os dias de hoje a ex-mulher de Caboré ainda guarda esse rancor e passou a odiar toda vaca que passava em sua frente.
A pergunta em questão é: Se ele não estava mesmo com tara na linda vaquinha, ou se era reação natural, o fato dele estar em estado de total ereção?
- FIM -