____NUNCA ESTAMOS SOZINHOS_____
Noite fria e escura, sobre o balcão um copo de conhaque e uma
sombra de mulher.
Nostálgica musica de um piano a invadir o ambiente.
Alguns burburinho de vozes, pessoas absolvidas em seus
casulos em noite insone.
O vento sussurrando o frio da madrugada.
Ruas quase desertas, carros passando em alto velocidade.
Entre as sombras da noite a silhueta de uma mulher.
Corpo esguio, vestes modestas, cabelos rebeldes ao sopro
do vento.
Ela segue adiante, inerte em sua dor.
Ninguém nota a face inchada de tanto chorar.
Mas sua alma sente o amargo do desamparo.
Anjos e demónios duelam em seus pensamentos.
Há tanta angustia em seu ser, a esperança lhe abandonara....
Ou ela abandonara o sopro de vida por ilusões.
Atravessa becos e vielas apressadamente até chegar a um
casebre.
Coloca a chave na maçaneta e adentra a casa, novamente
volta a chorar.
E suas lágrimas rompem o silencio em profundo soluços.
Se joga no sofá polido e fica a madizer sua triste sina.
Acaba adormecendo exausta e consumida por suas
tristezas.
Não longe dali próximo ao seu corpo de carne luzes zelam
por seu bem.
E uma gentil senhora ampara sua alma fadigada.