Enigma ( V )

Na mesa dos fundos da Cafeteria Central Ana Paula tentava assimilar tudo o que estava acontecendo. Antônio estava morto. Uma incrível coincidência ou uma morte muito providencial? Teria sido vítima da sujeirada do Enigma? E ele nem sabia que se tratava de uma estória real. Mas ela sabia e sabia muito. Se Antônio morreu em consequência do Emigma ela também corria muito perigo. O mais prudente seria ir até à Polícia o mais rápido possível. Decidiu que iria fazê-lo, mas antes de qualquer coisa, tinha que ir pra casa esperar Alberto. Ele saiu só com a roupa do corpo, teria que voltar, e eles tinham muito o que conversar.

Ao sair da cafeteria, Ana Paula ficou parada na calçada tentando lembrar onde tinha estacionado o carro, não pode perceber o ciclista imprudente que a atropelou e a fez bater violentamente a cabeça, perdendo os sentidos.

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Ana Paula abriu os olhos. Percebeu que estava em seu quarto, deitada em sua cama. Podia sentir um agradável cheiro de café vindo da cozinha. Tentou levantar, mas sentiu-se um bocado tonta. Deitou-se novamente. Observou que no criado-mudo repousava um farto ramalhete de rosas amarelas, as suas preferidas, as que Alberto sempre a presenteava. Olhou no relógio: 7:45am - 26-07 - Quarta-feira. Quarta - feira?

Alberto abriu a porta do quarto, sustentando um belo café da manhã em uma das mãos.

- Bom dia, meu amor! Você dormiu bem? Veja que lindo dia lá fora!

-Bom dia, Alberto! - respondeu, confusa - O que aconteceu?

-Você não lembra, querida? Um ciclista idiota a atropelou na calçada da cafeteria, por sorte você não se machucou seriamente... Olha, tome o seu café para não esfriar!

Ela estava extremamente confusa e intrigada. Sentia-se como fora da realidade.

-Alberto, que dia da semana é hoje?

-Hoje é quarta-feira, 26 de julho. Mas fique tranquila, hoje não vou trabalhar, ficarei o dia inteiro cuidando de você. Ah! Aquele cara que corrige seus textos, o Antônio de Lima ligou, ele soube do acidente, estava preocupado. Mas eu já o tranquilizei, já lhe disse que você está ótima! Espero que ele não resolva vir lhe ver e atrapalhar o seu descanso.

-Não, Alberto! - interrompeu ela, sentindo uma pontada na cabeça - 26 de julho já passou! Foi o dia em que você jogou meu Enigma no mar! Você não voltou para casa e Antônio morreu no dia seguinte! Alberto, por favor, fale a verdade, hojé é 28 de julho, sexta-feira, não é?

Albeto arregalou os olhos:

-Ana, de onde você tirou tudo isso? Meu Deus, os médicos fizeram todos os exames, estava tudo bem! Querida, tenho certeza que hoje é quarta-feira e até a quinze minutos atrás Antônio estava vivo, pois ele mesmo ligou para cá. E eu não joguei seu Enigma no mar, ele está aí, ao seu lado, na sua cabeceira, pode ver!

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Ana Paula abriu os olhos abruptamente. Havia cochilado em cima do romance policial mais excitante que já lera: "Enigma", autoria de um novo escritor português, Antônio de Lima. Como queria ela ter escrito aquelas linhas...

F I M

Catia Schneider
Enviado por Catia Schneider em 16/08/2006
Código do texto: T217980