COMVERSANDO COM A MORTE

José passou mal no local de trabalho, desmaiou, foi levado às pressas para o hospital. Acordou no quarto totalmente branco, olhou em volta não havia ninguém, um vento tétrico invadiu o ambiente começou a tremer, a morte estava a seu lado, berrou de pavor. Gritou a pleno pulmões pedindo socorro, gritou tanto que a dor no tórax ficou intolerável. A figura sinistra e escura portando a famosa foice, o olhava impassivelmente com olhos frios sem brilho.

Ele apavorado aos gritos pediu; _ Pelo amor de Deus,não me leve ...preciso de mais tempo, tenho muito ainda a viver... -

A voz terrível respondeu: _ Obedeço ordens do alto, sou imune a súplicas e choros, estás enganado, não precisas de mais tempo.

José começou a sentir o frio subir pelos pés chegando aos joelhos e ainda em desespero continuou a implorar: _ Por favor, me dê mais uma chance... - A figura sinistra cortou o que dizia exclamando; _Nada na tua vida me convence que precisas de tempo -

Imagens surgiram no ambiente, parecia haver poderoso aparelho televisivo no teto. Viu então o desenrolar do filme da sua vida, as imagens confirmavam a que a morte falara, Sua esposa aparecia chorando e pedindo. _ Meu amor olhe para tua família, já não aguardo mais atenção para mim, me acostumei a ficar sozinha, minhas amigas o chamam de ‘homem sem tempo’, mas olhe para seus netos com carinho.- Ele se viu debatendo com a mulher, _ Não tenho tempo mesmo, não vê que trabalho para o nosso sustento e nosso futuro? - Ela rebateu;

_ Que futuro...? -

Outras imagens apareceram na tela, diversas situações com familiares, amigos, ele sempre dizendo; ”Não tenho tempo... deixe para depois... agora estou sem tempo”.

Cenas do seu local de trabalho. Onde se mostrava calculista, frio, sem compaixão, e sempre dizendo, “não”.

O frio subiu por todo o corpo, chegando aos ombros, imagens de fiel amigo de muitos anos, o convidando a passeios, cultos religiosos, se delineou na tela, em desespero pensou; _ Até nesta ultima hora o meu amigo Alcides vem me ajudar -

O gelo terrível diminuiu, mas a sua resposta ao amigo,” não posso.. não tenho tempo” acelerou o processo, o frio dominou o pescoço e a garganta, já não conseguia mais falar.

Procurou desesperadamente as imagens religiosas, que apareceram na tela um pouco apagadas, reconheceu que só buscava as religiões ou ensinamentos Divinos para atender convenções sociais.

Resolveu não lutar mais, o rosto, a cabeça, e todo o corpo enrijeceu, estava todo gelado, a tela se apagou. A figura tétrica levantou a foice, chegara o momento final..

Lembrou da sua mãe orando. Sentiu a sua fé a sua confiança em Jesus, e se deixou envolver, e orou... _ ”Senhor Jesus, nunca o procurei... venho neste momento suplicar uma nova oportunidade de viver, Sei que não mereço, pois tenho vivido apenas a satisfazer o meu ego...sei que és Todo poder e misericórdia... Somente vós tem autoridade sobre a morte,,, te suplico...De hoje em diante me tornarei digno de servir em teu nome.....

Imagens do meigo Rabi surgiram na sua retina, se viu no pé do monte ouvindo a voz doce e suave do Mestre, proferindo o sermão da Montanha...Bem aventurados os misericordiosos... Bem aventuras os puros de coração... Bem aventurados os que sofrem... Vinde a mim eu vos aliviarei....

De repente, poderosa corrente elétrica correu por todo o seu corpo, calor intenso tomou todos os membros, a figura tétrica foi saindo mansamente em silêncio.

Despertou, ao lado do leito hospitalar estavam presentes toda a família, pois era hora de visitas, viu alegria e felicidade no semblante de todos, sua mãe em lágrimas o olhou profundamente, e vendo o brilho no seu olhar comentou; _“Graças ao nosso Senhor Jesus, você despertou meu filho”_...

José também em lágrima pronunciou; _ Sim, nasci de novo, agora vou começar a viver...”

Obs, ( os nomes dos personagens são fictícios )