A QUINTA FILHA

Veronica era a quinta filha, de Florindo e Berenice.

Ao todo o casal teve nove filhas.

Seu Florindo muito decepcionado sempre dizia a todos lá do bairro Palmeira Alta, onde morava, que tentar tentou, mas nãoo teve jeito, só meninas nasceram.

Sempre que Berenice, engravidava, a esperança renascia no coração daquele homem.

Agora virá um menino, pensava ele e se alegrava.

Mas ao final da gestação, outra linda menina é que nascia.

Já que não teve jeito, Florindo teve que se conformar, e as nove filhas criar.

Elas cresceram, e lindas jovens se tornaram.

Agora a preocupação de Florindo, era casar todas elas.

Imagine em 1945, moça solteira era a maior desgraceira.

Mas, como eram bonitas e prendadas, logo os pretendentes foram chegando, noivando e casando.

Primeiro casou a Beatrice, depois a Eulalia.

E assim, uma em seguida da outra, o vigário do bairro casou oito das nove filhas daquele casal.

Seu Florindo, porém andava angustiado, pois, nao havia meio de um noivo a sua quinta filha arrumar.

Veronica, não se mostrava nem um pouco preocupada, tinha em seu mundo interior uma riqueza de sabedoria.

Gostava de ler, de criar contos, personagens, romances, novelas.

E de um noivo, nunca sentiu falta.

O casal sentia vergonha, pela condição de solteira da quinta filha, que já estava com mais de trinta anos, e não havia nem noivado ainda.

Sabiam eles que com essa idade, Veronica era uma "Solteirona".

Tinham até medo de falar a palavra, tão vergonhoso era no entender deles, e naquela época essa situação.

Mas para ela, isso nunca foi problema, alias era a solução.

Todo seu tempo vago, passava absorta em suas leituras, e escritas, e isso preenchia de maneira alegre sua vida.

Veronica tinha um sonho, ver um de seus contos ou romances publicados.

E sem desanimo, todas as semanas, enviava, pelo correio, muito bem envelopado, os seus escritos, para as editoras que conhecia.

Um belo dia, a resposta veio.

Um de seus tantos contos, seria editado.

A alegria encheu o coração de Veronica.

E ao ler seu conto, publicado naquela revista mensal, foi para ela o que era para suas irmãs, o nascimento de um filho.

Isso foi só o começo, pois não demorou, para ver editado seu primeiro romance, depois o segundo, e nunca mais parou.

O sucesso aconteceu, e ela por fim, veio a se tornar o orgulho do seu Florindo.

Lenapena
Enviado por Lenapena em 31/03/2010
Reeditado em 18/01/2011
Código do texto: T2169861