A Dama da Noite - Cap. 2 ( O encontro)


Vários dias se passaram depois do ocorrido, Carlos todas as noites mal conseguia dormir, atormentado com as lembranças que lhe sugavam as energias. Todas as noites sentia-se vigiado, atormentado pelas sombras que lhe escapavam aos olhos e um perfume que exalava pela casa, ouvia passos, e ecos de uma canção que adentravam seus ouvidos, como um feitiço que revirava seus pensamentos.
Passado já quatorze dias, numa noite de lua cheia ao voltar pra casa, ainda na estrada se deparou com uma mulher, seus cabelos pareciam raios de sol, uma beleza rara, ele ficou totalmente vidrado e encantado. E no mesmo instante parou o carro e caminhou em direção a mulher, se aproximou e perguntou o que ela fazia tão tarde da noite sozinha naquela estrada.
Naquele momento ela ergueu o rosto, nada disse apenas olhou bem dentro dos olhos de Carlos, deixou que lágrimas escorressem pelo seu rosto, o que deixou ele compadecido e aflito. Ele não hesitou em convidá-la para ir a sua casa, ele necessitava de conhecer melhor aquela mulher...e assim ele a levou para casa dele. Num ato impensado, levou a desconhecida ao seu recanto. Chegando lá pediu que se sentasse no sofá, ofereceu suco, água...mas ela nada aceitou.
As lágrimas rolavam incessantes, ele sentiu uma vontade súbita de abraça-la e confortá-la naquele instante e assim o fez.
Ele a abraçou com carinho apertando o corpo dela contra o dele, o coração disparou...ela com os lábios próximos de seu pescoço, ela podia sentir o cheiro do sangue, os batimentos do seu coração, foi inevitável a transformação, neste momento começou a luta da bela mulher contra a seu instinto...desejava beber o sangue dele ao mesmo tempo lutava contra a sua vontade pois afinal ele fora o único mortal que conseguira se aproximar dela, sem nada temer...ela via nos olhos dele a ternura...ela sabia que ele era especial, desejava aquele homem, como jamais ousou desejar além do instinto de saciar a sua sede. Ela queria mais que isso, ela sentia necessidade de ser amada, pois nunca havia sentido tal sentimento. Como doeu resistir e não cravar os dentes afiados naquele pescoço...Mas conseguira não sucumbir ao desejo. E depois do longo abraço ambos começaram a conversar.
Carlos fazia mil perguntas na ânsia de conhecê-la melhor, mas ela se esquivava, mantinha aquele mistério ...fugia das perguntas...poucas palavras foram ditas. Mas na verdade isso só aumentava o interesse de Carlos. 
Passaram horas conversando e, antes que o dia amanhecesse ela se despediu dele...Carlos insistiu para leva-la em casa, mas ela terminantemente disse que não, afinal ela morava ali próximo e queria ir caminhando, pensando na vida.
Carlos percebera que não haveria jeito  e calou-se, ao sair ela disse que voltaria para fazer uma visita. Carlos abriu um sorriso largo, feliz e assim ela seguiu seu caminho.
Ao entrar em casa abriu um vinho, colocou uma música suave e ficou ali imerso nos pensamentos, recordando cada detalhe daquela mulher. Tão pouco conseguiu dormir, relembrando cada instante ao lado daquela magnífica mulher...afinal ela era tudo que ele sonhara, ou melhor muito mais do que ele poderia imaginar.
Pela manhã o detetive Henrique ligou, para comunicar que outro incidente havia ocorrido, só que desta vez a vítima havia conseguido escapar. Carlos no mesmo instante se dirigiu ao posto policial.
Chegando lá após o depoimento da vítima, um rapaz de 24 anos, o Sidney...ele fez questão de conversar com o rapaz e saber os detalhes do ataque.
Mas para seu espanto o rapaz disse que havia sido atacado por uma mulher com dentes pontiagudos e que simplesmente depois de estar totalmente vuneravel prestes a ter o pescoço dilacerado...ela simplesmente desistiu e sumiu...aqueles segundos pareciam intermináveis, as sensações eram revividas a cada instante de suas lembranças, mesmo estando fora de perigo. Carlos não podia acreditar no que presenciou, quanto mais ao relato do rapaz, permaneceu por muitos minutos parado sem nada dizer, totalmente perdido em tantos pensamentos e na imaginação.
Os dias seguiram e numa bela noite de sexta-feira, a lua estava cheia, um convite à vida...a fortes emoções...
De repente a campainha toca e pra seu espanto não havia ninguém, apenas um bilhete no chão.
Abaixou-se e abriu e nele dizia:

"Querido Carlos

Te espero em minha casa."


Abaixo o endereço e a marca dos lábios vermelhos no papel perfumado.
Ele não pensou duas vezes, na mesma hora se dirigiu ao encontro daquela mulher.
Chegando lá foi muito bem recebido por ela, na casa ele observava os quadros e objetos antigos...
Na sala um ambiente acolhedor, música, vinho, luz de velas...Carlos se sentou, ela rapidamente lhe serviu um copo de vinho e lá ficaram conversando por alguns minutos. Então ela se aproximou e sentou-se ao lado dele, o perfume dela era embriagante e excitante...ela por si já era a sedução encarnada em vestes sublimes.
Ela não hesitou em acariciar Carlos e provocá-lo...quando ele se deu conta já estava se deliciando com o corpo daquela mulher, que sem nenhum pudor explorava cada detalhe do seu corpo, arrancando-lhe gemidos intensos, dando-lhe um prazer que jamais sentiu antes. Fizeram amor por horas, sem freios, percorreram toda a casa, até que voltaram para a sala e no tapete ela adormeceu nos braços dele. Ele permaneceu ali imóvel por algum tempo admirando a beleza dela...depois lentamente e cuidadosamente conseguiu se levantar sem que ela acordasse, vestiu a calça e a blusa rasgada no furor do desejo. Aproximou-se do vaso de flores e pegou uma rosa vermelha e colocou ao lado dela, pegou um bloco sobre a mesinha e uma caneta e escreveu um bilhete.

" Querida

Esta noite foi a melhor da minha vida,
não tenho palavras para expressar o que estou sentindo...apenas o que posso dizer neste momento em que meu coração está aos pulos de tanta felicidade é que há muito já lhe amava e nem sequer a conhecia.
Desejo poder te amar todos os dias da minha vida.

Espero ansioso para estar contigo novamente mais tarde.

Com amor

Carlos.


Deixou o bilhete junto a rosa e foi embora para casa. Na pele guardava as marcas do amor e o cheiro dela.
Carlos estava exausto e adormeceu...
De repente um barulho, Carlos acorda assustado olha o quarto e vê a sua amada próxima a janela que estava aberta.
Perguntou como ela conseguira entrar, já que antes havia certificado que estava tudo trancado.
Ela somente disse:
__Preciso lhe contar algo
Carlos não entendia o que estava acontecendo
Ela continuou:
__Carlos não podemos ficar juntos, sou uma ameaça à você. Você corre perigo ao meu lado. E eu não sei quanto tempo vou conseguir te preservar do meu instinto.
Carlos dizia que não entendia o que ela queria dizer, que a noite anterior foi maravilhosa, que ela é tudo o que ele sonhava e desejava em uma mulher, que com ela queria viver para sempre.
Ela pedia incessantemente para que ele entendesse e aceitasse o fim...que não poderiam mais se ver...que ela iria embora para não causar mais problemas...e gostaria que ele a esquecesse.
Carlos foi radical e disse que jamais esqueceria, que ele já a amava e queria ficar junto com ela.
Neste instante não houve jeito, ela se transformou...

Carlos ficou apavorado, sem ação...o que dizer daquilo, neste instante ele começara a juntar os fatos, os ataques...e finalmente compreendeu que ela era uma Vampira, mesmo que a sua sanidade dizia ser impossível. Suas lágrimas desciam sobre a face sem parar, a revelação de sua amada causara espanto e medo. Ela ao ver a reação dele simplesmente desapareceu.
Carlos tremia, lutava contra a razão, os fatos, e os sentimentos. O que fazer?

O desfeche dessa história se dará a seguir no último capítulo
 
Beijos vampirescos

                            e aguardem!     



Fernanda Mothé Pipas
Enviado por Fernanda Mothé Pipas em 30/03/2010
Código do texto: T2167605
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