A ITALIANA E O PORTUGUÊS
Assunta chegou ao Brasil, vinda da distante Calabria na bela Italia.
Aqui se instalou, mas a tudo estranhou.
Casou-se com um português, de nome Manoel, vindo de trás dos montes, na antiga Portugal.
Cada um trazia seus costumes, ele de bacalhau gostava, ela de uma boa massa, e as fazia com maestria.
Ela alegre e falante, como todos de sua terra, ele reservado, calado.
Ela dançava até com a vassoura na cozinha de sua casa, enquanto o fogão a lenha estava a esquentar.
Ele passava quase a semana somente a trabalhar e meditar.
Da Italia ela falava embevecida e saudosa.
De Portugal ele quase nao contava, mas tinha também muitas saudades.
Assunta fabricava sua deliciosa massa caseira, e as estendia sobre toalha branca, em cima de sua cama, para secar.
O resultado de tanto trabalho, era uma macarronada, que cheirava pela rua toda, aromatizada pelo molho de tomate com manjericão
Manoel, no dia do pagamento, passava no armazém, e um bom pedaço de bacalhau comprava, e também um vidro de azeite.
E nesse dia, assumia o fogão a lenha, na esperança de fazer sua amada, se deleitar com a especialidade de sua terra natal.
Tamanho descompasso, só era aliviado, pelo grande amor e carinho, que existia entre Assunta e Manoel.
Viveram até os ultimos dias de suas vidas, a lembrar de suas terras distantes, de culturas distintas, e a cultivar sempre seus costumes.
Manoel continuo até o fim, taciturno, calado.
Assunta, permaneceu alegre, falante.
Nenhum mudou sua caracteristica, seu jeito especial de ser.
Sempre houve espaço, e liberdade para conviverem com suas diferenças de habitos e gostos.
O respeito foi sempre cultivado.
Com certeza, vinha dai o Amor genuino e verdadeiro, que sempre os uniu, a tudo resistiu, e só cresceu.