UM MENINO VISLUMBRANDO UM CORAÇÃO
Um menino vivia com o pai que era uma espécie de mentor espiritual e notou o interesse da criança pelas maravilhas da terra. O interesse não era muito constante porque a curiosidade natural da infância frequentemente apontava para inúmeras atenções. Mas o desejo de aprender sobre a mãe terra estava sempre presente. Por isso o pai ensinou sobre o ciclo da água, as partes das plantas, a constituição do solo. E a criança viu muitas vezes e sempre maravilhada, as diversas fases da germinação dos grãos. Viu as transformações do céu coincidindo com as paisagens terrestres no transcurso das estações: primavera, verão, outono e inverno, gerando cenários para o encantamento até aos olhos mais insensíveis.
Então, um belo dia, o pai levou o filho a um passeio especial. Precisaram viajar mais do que o costume e a criança adormeceu. Quando acordou nos braços do pai, viu-se em imenso salão natural repleto de encantamentos. Era uma gruta muito grande onde a natureza expunha uma riqueza incalculável. Lindas formações pendiam do teto como lustres brilhantes em um salão tão lindo que seria impossível imaginar igual em qualquer reino, por mais rico que fosse. O solo era repleto de musgos formando tapetes raríssimos. A água era cristalina em pequenos poços naturais onde brincavam peixinhos coloridos. Milhares de borboletas vagavam de um ponto a outro formando um manto vivo no ar.
-- Estas belezas estão no coração da terra, meu filho.
-- Você disse que tudo o que está na terra está também nas pessoas.
-- Sim! É verdade. A terra é uma cópia de tudo o que existe no céu e tudo o que está na terra está em cada um de nós.
-- O coração das pessoas é assim, tão lindo quanto o coração da terra?
-- Mais lindo ainda. Mas para perceber as maravilhas de um coração é preciso ter acesso a ele. E isso constantemente exige interesse real, dedicação e propósito. Exatamente como aconteceu de termos de caminhar bastante na direção do coração da terra.
-- E eu posso ver as maravilhas nos corações?
-- Infelizmente não será fácil. Para ter a ventura de maravilhar-se com as belezas de um coração, você precisa ser aceito. E ao ser aceito, e ao pertencer dando pertencimento, você passa a ser a energia que aviva as maravilhas muitas vezes adormecidas nesse mesmo coração.